Atualizado em 13 de abril de 2021
Viajar pelo sul da África a bordo de veículos especialmente equipados para esse tipo de viagem – os trucks – é cada vez mais comum.
Quem busca uma jornada com certa dose de aventura e não liga para o conforto de um quarto de hotel vai experimentar bons momentos.
É verdade que nem tudo será tão fácil ou tão prazeroso assim. Posso dizer que montar e desmontar sua barraca será um dos momentos mais chatos da viagem. Mas, nesse caso, a experiência é o que conta.
A minha viagem pelo sul da África começa em Joanesburgo, na África do Sul, e termina em Livingstone, na Zâmbia. Nesse meio, passamos costando todo o leste de Botsuana.
O roteiro foi desenhado para eu aproveitar um safári no Kruger National Park, a maior área de conservação ambiental da África do Sul.
Além do Chobe National Park, o primeiro parque criado em Botsuana e o terceiro maior do país, e a gigantesca Victoria Falls, cataratas que ficam na divisa entre a Zâmbia e o Zimbábue.
No ônibus estão dezoito viajantes: brasileiros, alemães, ingleses, canadenses, australianos e um polonês.
Todos conduzidos por Robinson, um esperto guia que tem larga experiência em viagens pelo sul do continente africano.
Quem dirige a maior parte do tempo é Captain D, como é chamado carinhosamente. Ele é sul-africano e tem habilidades em diversas línguas – entre elas, a portuguesa. Apaixonado por gastronomia, é quem vai alimentar o grupo durante os seis dias de viagem.
Dia 1 – De Joanesburgo ao Kruger National Park
Deixo Joanesburgo com 1h30 de atraso. Na noite anterior, o truck teve uma pane mecânica e foi preciso consertá-lo antes da partida.
Por sorte, o trânsito de saída de Joanesburgo está tranquilo e a viagem rende. Depois de quase 350 quilômetros, paramos para almoçar em Nelspruit. Aqui também fazemos a primeira parada para abastecimento.
Compramos comida, água e artigos essenciais para os longos seis dias em reservas ambientais, longe da grande civilização.
De volta à estrada, tocamos direto até chegar ao nosso primeiro acampamento por volta das 16h.
O Nkwathle Bush Camp é bem legal e tem uma boa infraestrutura. Aqui, os atrativos são uma pequena cachoeira, uma lagoa onde termina uma tirolesa e um simples bar. Até tem internet, mas é cobrada por minuto de acesso. Esse acampamento será a minha casa por duas noites.
No jantar do primeiro dia, eles organizam uma apresentação especial, com músicas, danças e comidas típicas. Esse momento serve também como um quebra-gelo.
Eu aproveito para conhecer melhor os outros aventureiros que adoraram viajar pelo sul da África.
Dia 2 – Safári no Kruger National Park
O dia começa cedo para aproveitarmos o safári no Kruger National Park. Este é considerado a melhor experiência de vida selvagem da África do Sul.
O passeio dentro do Kruger é chamado de game e, desta vez, o nosso truck fica para trás.
O carro que nos leva para esta aventura é uma caminhonete com a carroceria aberta, protegida no teto e nas laterais.
Ele deixa o acampamento às 5h20, e não demora meia hora até chegarmos ao portão. Tudo o que aconteceu neste dia eu explico no post que fiz para contar como é o safári no Kruger National Park.
Dia 3 – Cruzando a fronteira com Botsuana
Depois de desmontar a barraca, tomar café e colocar todos os equipamentos no truck, a viagem segue em direção à fronteira com Botsuana – mas nem tudo sai como previsto e somos obrigados a fazer uma parada de emergência.
Os detalhes desse dia eu conto em: Cruzando a fronteira com Botsuana, mas, para você não ficar curioso, toma um minispoiler: tudo deu certo e, no fim da tarde, a gente já estava em Botsuana.
Brasileiros não precisam de visto para entrar no país, portanto o processo é rápido e sem muita burocracia.
Frutas, verduras e carnes cruas podem ser retidas na alfândega e, por isso, somos orientados a esconder nossas guloseimas até pisarmos no país vizinho.
Para falar a verdade, esconder os alimentos é apenas uma medida preventiva, pois eles não revistam nada. Nem chegam perto do nosso carro.
Dia 4 – Uma noite entre elefantes e outros animais
Minha aventura de viajar pelo sul da África continua cortando as belas paisagens de Botsuana. Diferentemente de outros países desta região, aqui os parques naturais não têm cercas e, portanto, os animais podem trafegar livremente. Também é comum vê-los atravessando rodovias e estradas.
Foi justamente essa peculiaridade de Botsuana que me permitiu viver uma das aventuras mais amedrontadoras dessa viagem: dormir em uma barraca no meio de uma reserva ambiental onde vive solto o maior grupo de elefantes de todo o continente.
Sem falar, é claro, nos outros predadores, como leopardos e leões que também circulam por aqui.
O Elephant Sands, que fica dentro do Chobe National Park, é muito legal, e uma estrutura bem bacana estava a meu dispôr – tinha até piscina.
Além da cerca – ou da falta dela –, eu achei um pouco diferente o fato de toda a água do acampamento ser salobra. Nos chuveiros, nas pias e até na piscina tudo tem um gosto salgadinho.
Dia 5 – O Chobe National Park
O Rio Chobe nasce nas montanhas angolanas e divide o território de Botsuana com a Namíbia. Em uma de suas margens que começa o passeio de barco pelo Chobe National Park, que é, provavelmente, a melhor opção para contemplar os gigantes elefantes africanos em seu habitat natural.
O parque tem a maior concentração desses animais em todo o continente: são mais de 120 mil vivendo nos 11.700 quilômetros quadrados de área preservada.
Mas não são apenas os elefantes que reinam no destino mais visitado de Botsuana. Durante o passeio, vejo famílias inteiras de hipopótamos nas margens do rio.
Aqui, vivem ainda centenas de outros animais, como crocodilos, leões e muitos tipos de aves. Todos os detalhes desse dia eu conto no post safári no Chobe National Park.
Dia 6 – Victoria Falls e safári com elefantes
Depois de cruzar a fronteira com a Zâmbia, atravessando o Rio Zambezi, é hora de ver uma das mais espetaculares cataratas do mundo: as Victoria Falls. Elas podem ser apreciadas a partir de Livingstone, na Zâmbia, ou da pequena cidade também chamada Victoria Falls, no Zimbábue.
Nessa época do ano, como a água é farta, não há muita diferença no visual, mas há quem garanta que o lado zâmbio tem sempre a melhor vista.
As Victoria Falls têm 1,7 quilômetro de comprimento e 128 metros de altura. Com tanta beleza, as cataratas foram reconhecidas como Patrimônio da Humanidade.
Quem visita as Victoria Falls fica completamente molhado, mas essa história eu conto no post Como é visitar as Victoria Falls.
No último dia dessa minha aventura de viajar pelo sul da África, eu ainda experimentei algo muito inusitado: fazer um safári montando um elefante.
Neste passeio eu não apenas observei os animais, mas aprendi também um pouco mais sobre suas espécies. Eu também tive a oportunidade de tocá-los, alimentá-los e de andar por cerca de uma hora e meia nas costas de um deles.
O meu companheiro de aventura foi o Dunny, um macho dominante com cerca de 40 anos e quase quatro metros de altura.
O passeio na savana africana reserva surpresas: outros animais podem ser encontrados pelo caminho e, por isso, os guias instruem o que fazer e o que não fazer de acordo com a reação dos elefantes.
Para saber os detalhes desse passeio, sugiro que você leia o post Safári com elefantes na Zâmbia.
Programe-se para viajar pelo sul da África
Quem leva
Para viajar pelo sul da África, eu contratei os serviços da Acacia Africa, empresa especializada em viagens por essa região, e paguei USD 880 por seis dias de viagem, incluindo guia, transporte, hospedagem, alimentação e entrada nos parques. Eles oferecem vários roteiros, e aqui você encontra todas as opções e preços.
Quando ir
Uma boa época para viajar pelo sul da África é entre junho e agosto, pois quase não chove. Com a vegetação menos exuberante e com a água mais escassa, fica mais fácil ver os animais, já que eles se aglomeram próximos a rios e lagos. Nessa época faz frio – especialmente pela manhã e à noite –, com os termômetros chegando quase a zero. Portanto, é imprescindível estar bem agasalhado. No verão, entre dezembro e fevereiro, a alta temperatura faz com que seja mais fácil observar os filhotes que nasceram na primavera.
O que levar
Viajar pelo sul da África pode ser cansativo e, até mesmo, um pouco corrido, mas sem dúvida é uma forma bem econômica de conhecer os principais lugares deste lado africano.
Estar bem equipado por aqui é simplesmente essencial para sua viagem não ter imprevistos desagradáveis – claro que eles podem acontecer, mas a ideia é tentar se prevenir.
Portanto, além dos itens usuais para qualquer viagem, eu sugiro que você leve também o seguinte:
- Protetor solar;
- Repelente;
- Lanterna;
- Cadeado;
- Saco de dormir;
- Roupas leves (camisetas e bermudas);
- Relógio com despertador;
- Máquina fotográfica (com bateria e cartão de memória extras);
- Alimentos de fácil consumo (frutas com casca, biscoitos, amêndoas etc.);
- E água, muita água.
Saúde e segurança
O Certificado Internacional de Vacinação contra a febre amarela é obrigatório para quem vai viajar pelo sul da África, e pode ser exigido para entrar na África do Sul. Nessa região, há muitos insetos e também casos de malária. Veja como se proteger aqui.
Visto e documentos
Brasileiros não precisam de visto para entrar e permanecer na África do Sul por até 90 dias. Entretanto, é necessário apresentar o passaporte com validade de, pelo menos, um mês depois da data prevista para o retorno.
É muito importante ter um seguro viagem enquanto estiver no país, para ser atendido em caso de incidentes. Veja como comprar o seguro viagem com descontos exclusivos.
O Certificado Internacional de Vacinação (CIVP) contra a febre amarela é obrigatório. Sem ele, você pode ser impedido de entrar no país. Nessa região, há muitos insetos e, também, casos de malária. Veja como se proteger aqui.
Veja mais dicas do Sul da África
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Se preferir, pode falar comigo no Instagram: @altiermoulin. Agora, aproveite para ver mais dicas.