Tarabuco fica a 60 quilômetros de Sucre, a capital constitucional da Bolívia. É nesse vilarejo que acontece, todos os domingos, a Feira de Tarabuco, famosa entre turistas, mas, principalmente, entre os moradores dos povoados vizinhos.
É que a feira é a principal fonte para se abastecer de mantimentos como arroz, macarrão, frutas e verduras, por exemplo. Mas a Feira de Tarabuco tem ainda artesanato, roupas, sapatos, eletrônicos e quase tudo o que você imaginar.
Além disso, a feira é um dos melhores lugares para você fotografar bolivianos usando vestimentas típicas. E isso não é porque eles estão esperando os turistas.
Pelo contrário, os indígenas que visitam a feira quase sempre não gostam de ser fotografados e muitos deles falam apenas poucas palavras em castelhano, já que preservam a língua de seus ancestrais, o quéchua.
É dia de feira em Tarabuco
Assim como os visitantes, os feirantes muitas vezes se aborrecem quando fotografados. Conversando com uma senhora que vende artigos para festas, descobri duas razões pelas quais eles se recusam a ser fotografados.
O primeiro é que a maioria das vendedoras é mulher e, geralmente, as tendas são negócios familiares. Então, se uma mulher é flagrada tirando fotos com turistas, as outras parceiras de venda – que são sogras, cunhadas, primas – a denunciam a seu esposo que briga freneticamente.
“Mi esposo es chiquito, pero muy celoso”, contou a vendedora, revelando o ciúme de seu marido. Nessa hora, desconfiei que poderia se tratar de violência doméstica .
A segunda razão pela qual essa senhora disse se recusar ser fotografada, é que elas se consideram feias e nada fotogênicas. Quando ouvi isso tive que discordar.
Tentei argumentar, mas nada adiantou. Sua timidez e vergonha me impediram de ter um registro de sua simpatia.
Na vila, os indígenas locais se diferenciam pelo chapéu que usam. Há dois tipos de monteras: a mais colorida, feita com tecido e abundantes miçangas, é exclusiva das mulheres. A outra, mais simples, é feita de couro de boi e é usada por homens e mulheres.
Depois de olhar tudo, se decidir comprar algo, pechinche. Algumas mercadorias podem sair pela metade do preço. O pagamento deve ser feito exclusivamente em bolivianos.
Como visitar a Feira de Tarabuco
Agora que você já sabe o que vai encontrar na Feira de Tarabuco, é hora de colocar os planos em prática.
Como chegar
Para chegar à Feira de Tarabuco, você tem três opções: de táxi privativo você pagará cerca de BOB 280, para ida e volta. Nessa opção, o taxista ficará ao seu dispor todo o tempo que desejar. De excursão, será necessário desembolsar BOB 35.
A van parte por volta das 8h30 e regressa em torno das 13h30. Ao redor da Plaza 25 de Mayo, em Sucre, há agências que oferecem o passeio. Além disso, você pode se informar na recepção do seu hotel ou hostel.
A opção mais barata – e também a melhor – é ir de transporte público. As vans partem do terminal de saída para Tarabuco, que na verdade é uma praça improvisada sem qualquer estrutura (você deve tomar um táxi até aqui).
A passagem custa BOB 10, cada trecho, e a viagem dura cerca de uma hora.
Para voltar a Sucre, eu tive a sorte de encontrar um taxista que cobrou apenas BOB 10 pela viagem. Acredito que ele tinha transportado algum turista até o vilarejo e, para não voltar vazio, me fez essa proposta.
Não sei se isso é comum, mas não custa tentar a sorte perguntando aos taxistas que encontrar por lá.
O Aeroporto Internacional Mariscal Sucre (UIO) fica a cerca de dez quilômetros do centro de Sucre e opera apenas voos domésticos. Para chegar aqui, é preciso tomar um táxi.
Ônibus que partem das principais cidades bolivianas chegam ao terminal rodoviário que fica a dois quilômetros do centro. Como Sucre fica na Cordilheira dos Andes, qualquer viagem para cá é longa e cansativa.
Quando ir
A Feira de Tarabuco acontece somente aos domingos, até umas 16h. O ideal é chegar cedinho quando as mercadorias estão fresquinhas e quando há menos turistas. Nesse horário você vai encontrar mais moradores da região fazendo compras.
Acompanhando o relevo, o clima da Bolívia muda muito de uma região para a outra. Sucre fica na região central do país e o clima é mais ameno, com temperaturas variando entre 17 e 27 graus. O período mais chuvoso é entre novembro e março, mas é nesse período, também, que os dias ficam mais ensolarados.
O que levar
Para evitar ficar com fome, leve um lanche na mochila. Ele vai lhe salvar. Não se esqueça de protetor solar e de um casaco para lhe proteger do frio. Leve moedas. Algumas pessoas pedem uns trocados para serem fotografadas.
vc sabe informar se tem agencia confiável de cambio em Corumba?
e se ir no trem da morte pra santa cru, ainda é seguro
Oi, Sandra.
As informações que tenho sobre a viagem são as que estão no texto.
Desculpe não pode ajudá-la de outra forma.
Um abraço.
Muy rico, amigo!
Gracias.
Quero ir à Bolívia e Peru em novembro agora. Mas estou temerosa em viajar sozinha. Tens dicas de grupo de viagens para esses destinos? Gracias.
Oi Ira,
Olha, não há motivos para você ter medo a ponto de desistir de viajar. Basta se organizar e ser esperta. Eu encontrei várias mulheres viajando sozinha pela Bolívia e pelo Peru.
Um abraço.
Ira, também irei a Bolívia sozinha em novembro !!! 😀
“correr o risco de comer algo preparado na feira” Oi? Qual é o risco de comer algo preparado na feira? Claro que tem que dar uma olhada em como preparam as coisas, mas credo, que comentário mais preconceituoso, ein? Acho que se está indo visitar a feira, além de tirar foto de tudo, tem que aproveitar o que tem, não é mesmo? Se não é só uma visita superficial turística e sem muita essência.
Oi Eduardo,
Obrigado por seu comentário. Bom, você fala de uma opinião sua e eu respeito, mas para muita gente há hábitos que podem parecer estranhos. Eu comi de tudo na Bolívia, como sempre faço em qualquer lugar do mundo. Porém, como se trata de um texto informativo, jamais poderia omitir a informação de que os produtos preparados na feira são suspeitos quanto à manipulação e higiene. Esse assunto, aliás, eu abordo com mais clareza em outros posts e talvez você não tenha lido.
Outra questão que discordamos é quando você fala em ‘essência’. Lembre-se que numa viagem não há certo ou errado, e cada um faz ou deixa de fazer o que quiser. Deixar de comer algo na feira não necessariamente fará a minha viagem melhor ou pior do que a sua ou de outra pessoa que prefere se alimentar ali. Assim também é com quem decide sentar-se na calçada para conversar com um vendedor ou quem compra um ‘produto local’. O fato é que uma experiência não pode ser baseada em outra, já que somos seres diferentes, com histórias diferentes e gostos muito peculiares às vezes. 😉
De qualquer forma, obrigado por destinar um tempo para ler meu texto.
Um abraço.