Atualizado em 16 de agosto de 2020
Quem está planejando conhecer a capital da Polônia, precisa incluir no roteiro uma visita ao que restou do Gueto de Varsóvia. O antigo bairro judeu da cidade é, também, o maior símbolo de resistência aos nazistas.
A Polônia foi o país que mais sofreu com a Segunda Guerra: mais de seis milhões de poloneses morreram no conflito, entre 1939 e 1945. A maioria, homens e mulheres comuns, nada tinha a ver com o conflito ideológico que motivou os ataques e a ocupação do país.
Para ter uma ideia, Varsóvia teve mais de 85% de seu território destruído e sua população foi reduzida drasticamente para cerca de 10%: de 1,3 milhão de pessoas, a cidade passou a ter pouco mais de 150 mil.
O Gueto de Varsóvia
Criado pelos nazistas, em 1940, o Gueto de Varsóvia era um lugar nada agradável, onde judeus de toda a Polônia foram confinados.
Cercado por muros de tijolos vermelhos, o espaço chegou ter a maior concentração de judeus marginalizados de todo o período da Segunda Guerra.
Em seu auge, quase 500 mil pessoas em condições precárias viviam amontoadas dentro de seus muros, em meio a doenças e uma sujeira sem fim.
Depois de serem confinados como animais, os judeus aguardavam o momento de serem enviados aos campos de concentração.
Um dos principais destinos da população do Gueto, o campo de Treblinka, ficava a 105 quilômetros de Varsóvia. E, a partir de 1942, ele passou a receber mais e mais judeus, que, sem saber de nada, entravam nos vagões do trem em direção a um único destino: a morte.
Hoje, sabemos que grande parte dos passageiros era formada por idosos e crianças.
Maldades médicas
Nessa época, já corria na Europa a fama dos experimentos médicos feitos com judeus no campo de Ravensbrück. Naquela estação de horrores, as equipes médicas removiam os músculos e os nervos de pessoas vivas, sem anestesia.
A desculpa era entender como os tecidos humanos podiam se regenerar.
No campo de Dachau, as invenções da equipe médica eram piores: a pele dos prisioneiros mortos servia de matéria-prima para bolsas, chinelos e luvas.
Se não tivesse mortos suficientes, era só matar mais alguns.
A vida dos judeus valia muito pouco – ou simplesmente nada – para a ideologia nazista. Mas, como sabemos, outros grupos também foram perseguidos por Hitler.
O pacote de maldades incluía eslavos, negros, ciganos, gays e Testemunhas de Jeová, mas, entre as minorias, os judeus eram a maioria. No Gueto de Varsóvia eles eram unanimidade.
A revolta de Varsóvia
Dentro do Gueto, homens e mulheres que ainda tinham um sopro de esperança, planejaram uma revolta, uma luta dos judeus contra a opressão nazista. A ajuda vinha de fora, de simpatizantes que infiltravam armas e explosivos no Gueto.
Há inúmeras histórias de poloneses que se envolveram com as dolorosas histórias do Gueto de Varsóvia. Uma delas é a de Irena Sendler que resgatou mais de 2.500 crianças, pondo em risco sua própria vida.
Durante os primeiros dias do que ficou conhecido como o Levante de Varsóvia – Powstanie warszawskie, em polonês –, o pequeno exército judeu, formado por pessoas que nunca tinham pegado em uma arma de fogo antes, incluindo crianças, teve êxito.
Isso só aconteceu porque os nazistas jamais esperavam uma reação dos confinados.
Entretanto, como o poder de fogo do exército de Hitler era infimamente maior, logo a situação foi controlada. Como vingança, em 1943, o ditador alemão mandou exterminar todos os judeus do Gueto e, mais, ordenou que o lugar fosse completamente destruído.
O Gueto o Gueto de Varsóvia hoje
Durante a reconstrução da cidade, no pós-guerra socialista, vários prédios foram construídos na região onde ficava o Gueto.
Os únicos sinais de sua existência são uma pequena parte do Muro do Gueto, que virou um memorial, e o traçado no chão, que podemos ver em algumas áreas da cidade.
Museu do Gueto
Uma grande parte dessa história é contada no Museu do Levante de Varsóvia.
Em três andares, ele exibe um incrível acervo sobre esse período histórico, incluindo a recriação de ambientes do Gueto, relatos e histórias de sobreviventes. Isso além de um vídeo em 3D que mostra como a cidade ficou devastada depois da Segunda Guerra.
Em toda a cidade há vários pontos de memória, sempre identificados com a sigla WP.
Estes pontos lembram os mortos do movimento de resistência judeu, o Levante de Varsóvia. Uma visita ao Memorial do Levante de Varsóvia também vai lhe ajudar a entender melhor essa história.
Em breve, será possível visitar o Museu do Gueto, que está sendo construído no prédio onde funcionou um hospital para crianças e que fica na única parte preservada do Gueto.
Como visitar o Memorial do Gueto
Quanto custa
A entrada no Museu do Levante de Varsóvia custa PLN 25 – nas segundas-feiras é gratuita. A visita guiada e inglês, alemão, francês, russo, italiano ou espanhol custa PLN 150. O audio guia em português cuta PLN 10.
Todos os outros lugares de memória que descrevi são gratuitos. Para ver os detalhes, leia: A herança dos judeus de Varsóvia.
Quando ir
O Museu não abre nas terças-feiras. Nos outros dias, o horário de funcionamento é de 10h às 18h.
O verão na Polônia é bem curto, já o inverno é longo e muito frio. Os meses mais gelados vão de outubro a abril, quando os termômetros marcam temperaturas abaixo de zero.
Entre maio e setembro, os dias tendem a ser mais ensolarados, com temperaturas variando entre 20 e 27 graus. O mês mais quente é julho, e o mais frio é janeiro, com temperaturas chegando a menos cinco graus.
Como chegar
O Memorial do Muro do Gueto fica no pátio de alguns prédios residenciais. A entrada pode passar despercebida, pois fica entre algumas lojas. A ONZ é a estação de metrô mais próxima, e os ônibus da linha 174 param praticamente na esquina.
Para chegar ao Museu do Levante, você pode descer na estação Daszyńskiego, do metrô. Pode também, pegar o bonde elétrico das linhas 1, 9, 13, 20, 22, 24 e 27, e descer no ponto do museu – Muzeum Powstania Warszawskieg.
O Memorial do Levante de Varsóvia fica na Cidade Velha – Stare Miato –. É lá também, onde estão muitos outros monumentos que lembram esta época. Para chegar aqui, pegue um dos ônibus das linhas 116, 180, 503, 518 ou N44. Veja as localizações no mapa abaixo:
O Aeroporto Frederic Chopin (WAW), em Varsóvia, é o mais importante da Polônia. Aqui, chegam voos nacionais e internacionais, mas não há voo direto do Brasil para o país.
Veja mais informações em: Voos para a Polônia: companhias aéreas e aeroportos.
Onde ficar
Para saber quais as melhores áreas da cidade, leia: Onde se hospedar em Varsóvia.
Varsóvia é linda. Em suas avenidas largas, a arquitetura clássica contrasta com prédios modernos. Então, escolher um lugar para ficar por aqui será fácil.
Para quem está interessado na parte histórica da cidade, a região da Stare Miasto – o Centro Histórico – é ideal. Para quem quiser aproveitar um pouco mais da vida moderna da cidade, o Centro, especialmente a área perto do Palácio da Cultura e da Ciência, é sensacional.
Outras informações
Para ver outras informações sobre o país e planejar sua viagem com mais precisão, leia: Viagem para a Polônia: informações essenciais.
Para quem gosta de cinema, uma boa dica é dar uma olhada nessa lista: 50 filmes sobre a Segunda Guerra Mundial.
Veja mais sobre a Polônia
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