Atualizado em 5 de setembro de 2021
Visitar Auschwitz foi, sem dúvida, a experiência mais triste que já tive. Mas, antes que você desista de embarcar na viagem para este antigo campo de concentração nazista, eu preciso dizer que valeu a pena.
Entrar naquele ambiente tão opressor e tão importante para a história recente da humanidade me proporcionou viver uma experiência transformadora, e é exatamente por isso que eu encorajo você a fazer o mesmo.
Como é visitar Auschwitz
A visita começa em Auschwitz I. Depois de cruzar o famoso portal com a frase arbeit macht frei – que significa o trabalho liberta –, você vai entrar num mundo onde tudo é horrível.
Tudo é tão horrível que é difícil acreditar que o ser humano tenha sido capaz de fazer tanta barbaridade com inocentes, pessoas comuns, como eu e você, que nada tinham a ver com o conflito liderado por Adolf Hitler.
Para você entender melhor, o nome Auschwitz foi usado para identificar um conjunto específico de campos de concentração e de extermínio.
Ao todo, durante a Segunda Guerra Mundial, foram erguidos três campos nesse modelo: Auschwitz I, Auschwitz-Birkenau e Auschwitz-Monowitz.
O primeiro deles – que ficou conhecido como Auschwitz I – foi construído, a partir de 1940, na cidade de Oświęcim, a 67 quilômetros de Cracóvia, na Polônia.
O mais terrível e o maior de todos era Auschwitz-Birkenau, que começou a ser planejado quando o primeiro campo estava quase com lotação esgotada.
Neles, foram mantidos milhões de judeus, ciganos e outras minorias vindas de várias partes da Europa, além de soldados soviéticos presos durante a guerra. Mas, a principal função desses complexos era mesmo matar.
A visita aos alojamentos
O imenso Museu de Auschwitz, que na verdade é o próprio campo de concentração, foi aberto em 1955, dez anos depois do fim da Guerra, e seus principais atrativos estão espalhados por cinco dos 30 prédios que compõem o complexo.
Para visitar Auschwitz é preciso caminhar bastante: além de entrar nos alojamentos 4, 5, 6, 7 e 11, você também vai conhecer a câmara de gás, o crematório e o local onde funcionou o escritório do exército nazista que comandava todo o campo.
No primeiro alojamento, uma série de fotos da época mostra como era feita a seleção dos prisioneiros.
Aqui, estão também números e dados que contabilizam o que foi o maior massacre da história do mundo moderno.
Nas salas seguintes, há grandes vitrines onde estão montanhas de sapatos, óculos, malas e outros objetos pessoais.
Tudo aquilo foi confiscado dos prisioneiros assim que eles chegaram ao campo ou, como no caso dos óculos, foi retido antes deles serem enviados para a morte na câmara de gás.
Porém, nada me impressionou mais, nesta sala, do que os cabelos humanos amontoados. É tanto cabelo que, talvez, fosse possível encher um apartamento inteiro.
Nessa hora, a frieza dos números passou a fazer mais sentido e eu, realmente, me dou conta das milhares de pessoas que morreram em Auschwitz.
A vida em Auschwitz
No caminho entre um prédio e outro, um silêncio sepulcral toma conta de Auschwitz.
A única coisa que se ouve por aqui é passo lento e meio arrastado dos visitantes, e a suave voz da guia que acompanha meu grupo – serviço imprescindível para quem quer visitar Auschwitz e entender melhor sua história.
Chegamos a mais um alojamento e, aqui, percebo como era a vida dentro dos muros de Auschwitz.
Nas primeiras semanas de funcionamento, os dormitórios não tinham cama. Todos eram obrigados a dormir sobre uma fina camada de palha, sem o mínimo conforto e privacidade.
Mais tarde, os prisioneiros ganharam beliches de três andares que eram enfileiradas um ao lado do outro.
No corredor, enquanto caminho até o antigo banheiro, vejo a foto de centenas de prisioneiros que não sobreviveram aos horrores da guerra.
Em dois cômodos pequenos há um lavabo e alguns sanitários que, sem divisórias, eram compartilhados por todos. Além disso, eles só podiam ser usados em horários determinados pelo comando nazista.
Algumas áreas dentro de Auschwitz não podem ser fotografadas.
Uma delas é o interior do prédio onde o monstruoso médico Josef Mengele comandou uma série de experimentos com humanos.
O ambiente é pesado, frio e causa muita estranheza.
Em nome da ciência, Mengele e seu grupo mataram gêmeos, injetaram substâncias estranhas em crianças e seguiram uma cartilha de horrores que não parecia ter limites.
Ao lado desse prédio ficava a área de fuzilamento, onde eram punidos e executados prisioneiros revoltados e desobedientes.
Hoje, o muro que ainda carrega marcas de bala se tornou um local de homenagem às vítimas.
A câmara de gás
Os meus passos ficam pesados à medida que a guia vai nos contando mais sobre o lugar da nossa próxima parada: o complexo onde funcionava a câmara de gás que, daqui, foi replicada em vários outros campos de extermínio.
Originalmente, esse prédio foi construído para abrigar um necrotério e os fornos de incineração.
Mas, como precisavam encontrar uma forma mais rápida de eliminar os judeus, os nazistas começaram a fazer experimentos utilizando o Zyklon B, um potente pesticida capaz de matar um número maior de prisioneiros sem muito trabalho.
Trancados nessa sala fechada e mal iluminada, os prisioneiros eram, aos poucos, sufocados pelo gás que invadia cada canto do ambiente.
Quando o veneno começava a fazer efeito, as pessoas tentavam fugir dos pontos de onde ele saia e, assim, crianças e idosos eram esmagados por causa do pânico que tomava conta de todos.
Em menos de 20 minutos, o gás interferia na respiração e a morte chegava lentamente em forma de sufocamento, crises convulsivas, sangramento e da perda dos sentidos.
Quando já havia passado tempo suficiente para que todos estivessem sem vida, um grupo de prisioneiros que trabalhava no crematório – o sonderkommando – era encarregado de limpar a câmara deixando tudo pronto para o próximo grupo.
Antes de enviarem os corpos para serem queimados, os soldados-prisioneiros verificavam a boca e os dentes de cada vítima em busca de ouro e objetos de valor escondidos.
Depois disso, eles eram incinerados para que não restasse qualquer prova do crime que acabara de acontecer.
Os nazistas chegaram a operar outros quatro crematórios semelhantes a este, só que, antes do fim da Guerra, a maioria foi destruída na intenção de eliminar provas.
O crematório e a câmara de gás desta visita permaneceram praticamente intactos – apenas a chaminé teve que ser reconstruída durante a criação do Museu de Auschwitz-Birkenau.
Ao lado da câmara de gás ficava a sede administrativa do comando nazista que coordenava todos os campos de concentração do modelo Auschwitz.
Hoje, nesta área, há apenas uma forca.
Nela, o primeiro comandante de Auschwitz, Rudolf Höss, foi executado, em 1947, depois de ter sido condenado à morte pela Suprema Corte Polonesa.
A visita ao complexo de Auschwitz tem, ainda, uma segunda parte, que acontece no campo de Auschwitz-Birkenau, que também é chamado de Auschwitz II.
Por isso, eu sugiro que você leia: Como é visitar Auschwitz-Birkenau.
Como é visitar Auschwitz
Quanto custa
A entrada nos antigos campos de concentração de Auschwitz é gratuita, mas estar acompanhado de um guia é indispensável para que você possa entender melhor tudo o que vai ver aqui.
Você pode entrar em um grupo de visitantes pagando PLN 40. Consulte os horários dos passeios e as línguas disponíveis.
Quando ir
O complexo de Auschwitz abre às 9h, mas o horário de fechamento varia durante o ano. Nos meses de verão, a visita se encerra às 18h e em dezembro às 14h.
A visita dura cerca de quatro horas.
O clima da Polônia é temperado, com as quatro estações bem definidas. O verão é bem curto, já o inverno é longo e muito frio. Os meses mais gelados vão de outubro a abril, quando os termômetros marcam temperaturas abaixo de zero.
Entre maio e setembro, os dias tendem a ser mais ensolarados, com temperaturas variando entre 20 e 27 graus. O mês mais quente é julho, e o mais frio é janeiro, com temperaturas chegando a menos cinco graus. Eu considero melhor planejar uma viagem para a Auschwitz entre os meses de maio e setembro.
Como chegar
Para chegar a Oświęcim, cidade que fica a 67 quilômetros de Cracóvia, você pode pegar um ônibus da empresa Lajkonik. Ela tem partidas diárias a cada uma hora – das 8h às 21h – nas rotas que fazem parada no Museu de Auschwitz.
De carro, a viagem é tranquila e rápida, já que as rodovias estão em ótimas condições, mas há cobranças de pedágio no trecho saindo de Cracóvia. O museu tem estacionamento gratuito.
O Aeroporto Internacional de Katowice (KTW) é um dos mais movimentados da Polônia. Ele opera voos nacionais e internacionais partindo e chegando de outros países da Europa e é, também, muito usado por viajantes que querem visitar Auschwitz.
O que levar
Não é permitido entrar com sacolas ou mochilas no museu. Se precisar, você pode deixar seus pertences no guarda-volumes. Uma garrafa de água, um lanche para o intervalo e sua câmera fotográfica são indispensáveis. Mas, se preferir, você poderá comprar algo para comer nas lojinhas que funcionam na entrada, perto do estacionamento.
Onde ficar
Cracóvia é o principal destino turístico da Polônia e, por isso, escolher bem onde ficar vai lhe ajudar muito a aproveitar o melhor da cidade: inclusive na hora de visitar Auschwitz.
Outras informações
Para ver outras informações sobre o país e planejar sua viagem com mais precisão, leia: Viagem para a Polônia: informações essenciais.
Para quem gosta de cinema, uma boa dica é dar uma olhada nesta lista com 50 filmes sobre a Segunda Guerra Mundial.
Veja mais sobre a Polônia
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