Atualizado em 11 de abril de 2021
Se você quiser ter a melhor vista do Jalapão, a minha dica é apenas uma: faça a trilha na Serra do Espírito Santo, uma das mais emblemáticas formações rochosas dessa região.
Há milênios, quando as águas do oceano se afastaram dessa terra de belezas naturais, algumas montanhas começaram a despontar no horizonte do Jalapão. Com um característico cume achatado, esses montes enfeitam o Deserto Brasileiro.
Embora, atualmente, essas montanhas estejam divididas e ganhem nomes diferentes, estudos indicam que elas eram todas interligadas, formando uma única cadeia montanhosa.
Mas, como o arenito se desintegra com facilidade, com o passar dos anos, a chuva e o vento esculpiram no coração do Brasil a paisagem que hoje apreciamos.
Na Serra do Espírito Santo, temos alguns exemplos bem claros de como esse processo acontece.
Em uma das extremidades da serra está o Morro do Saca-Trapo, que resiste fortemente à ação da natureza. Ainda assim, aos poucos, está perdendo sua característica original.
A gente também vê, entre outros, a Serra do Cinzeiro, da Catedral, os morros da Bigorna, do Gorgulho, da Muriçoca, do Sereno e da Cruz- eu já até contei as histórias do Morro da Cruz.
Subindo a Serra do Espírito Santo
A subida na Serra do Espírito Santo começa bem cedo. Às 3h30, muito antes dos primeiros raios de sol aparecerem, já estou na estrada seguindo até o ponto onde a trilha começa. Cerca de cinquenta minutos depois, o carro para no pé da Serra. É hora de respirar fundo para encarar a trilha.
São 700 metros de caminhada até chegar ao topo da montanha de arenito, a 250 metros de altura.
O terreno é muito desnivelado, há muitas pedras soltas e o cansaço aparece logo no começo.
Quem quiser pode fazer paradas para descanso nos bancos que há pelo caminho. Eu sugiro que você não demore muito, pois o maior barato de subir a Serra do Espírito Santo é ver o sol nascer lá do alto.
Cerca de 40 minutos mais tarde, chego ao mirante e vejo, de longe, a Serra do Cinzeiro. Sentado à beira do abismo. Observo o sol colorir as nuvens e a vegetação do cerrado, enquanto pássaros se animam para os primeiros voos do dia cantando melodias matinais.
Depois de subir a Serra do Espírito Santo, já com o sol alto, a caminhada recomeça. Vou andar três quilômetros até a outra ponta da Serra, onde estão as dunas. No caminho, a areia fofa revela a presença de pequenos mamíferos que deixam suas pegadas como prova da vida que abunda no Parque Estadual.
Chego ao outro mirante para ver mais de perto as erosões que dão origem às dunas do Jalapão. Do alto, é possível ter uma visão exata de como elas se estendem por uma área muito maior do que inicialmente imaginei.
Pouco antes das 8h, começo a descer a Serra do Espírito Santo. O trajeto de volta, ainda que com o benefício da luz do dia, exige cuidado. Eu lhe aconselho a usar um calçado bem confortável e, se possível, colocar duas meias em cada pé, pois a pressão nos dedos pode machucar suas unhas.
Como fazer a trilha na Serra do Espírito Santo
Para fazer a trilha na Serra do Espírito Santo, é preciso estar acompanhado de um guia, que cobra, geralmente, R$ 100, por pessoa. Nesse preço está incluso o traslado da pousada até o pé da Serra.
Eu viajei com a Cerrado Dourado e percebi que o serviço deles é um dos melhores do Jalapão.
O ideal é subir a Serra do Espírito Santo nas primeiras horas do dia para ver o sol nascer lá do alto. Em dias de chuva, o passeio é suspenso.
A Serra do Espírito Santo fica a cerca de 20 quilômetros de Mateiros, cidade a 275 quilômetros de Palmas.
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