Atualizado em 9 de fevereiro de 2022
Se você está planejando viajar pelo Jalapão de carro particular e sem guia, pare um pouco para ler este texto, mesmo que você seja experiente em roteiros off road.
Antes de pegar a estrada, é importante saber que essa terra remota é ainda muito carente de infraestrutura: não há estradas pavimentadas depois das principais cidades, energia elétrica somente nos povoados maiores e sinal de celular é raridade.
Além disso, nem pense em se lançar na estrada confiando no GPS, porque essa modernidade ainda não funciona bem no Jalapão, e encontrar placas indicando os atrativos é mais difícil do que qualquer outra coisa que você possa imaginar.
Entenda o Jalapão
O Jalapão é uma região de exuberante beleza natural no interior do Tocantins, na divisa com os estados da Bahia, do Piauí e do Maranhão.
Oficialmente estabelecido como Parque Estadual, em 2001, nos últimos anos, tem ganhado fama entre os viajantes – o Jalapão é ideal para quem admira a natureza em seu estado mais bruto e sem muita interferência humana.
Nessa terra que ainda tem muito a nos mostrar, a maneira mais confortável e segura de viajar é a bordo de um veículo 4×4.
Isso porque, durante o período de seca a areia fica fofa demais e, na chuva, alguns trechos da estrada podem estar danificados.
O Deserto Brasileiro, como também é conhecido o Jalapão, tem 34 mil quilômetros quadrados e abrange terras nos municípios de Mateiros, Novo Acordo, Ponte Alta do Tocantins e São Félix do Tocantins.
Áreas de proteção ambiental
O Parque Estadual do Jalapão faz parte de um mosaico de unidades de conservação, que, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, soma mais de três milhões de hectares, o que forma a maior área de proteção do Cerrado no país.
Entre as áreas ambientalmente protegidas estão, além do Parque Estadual do Jalapão, a Estação Ecológica Serras Gerais do Tocantins, a Área de Proteção Ambiental (APA) do Jalapão, o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, o Monumento Natural dos Cânions e Corredeiras do Rio Sono e a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) da Serra da Catedral.
O Jalapão tem esse nome por causa de uma raiz muito comum nessa região, a jalapa. Como muitas outras plantas do Cerrado, ela é usada como um remédio natural.
Voltando à história do carro
Embora você encontre relatos de pessoas que tenham feito esse roteiro em carros populares, nessa região de natureza bruta, onde tudo é imprevisível, uma viagem só é confortável e segura em veículos 4×4.
Não são raros os casos de turistas que ficam atolados nas estradas arenosas do Jalapão.
Na estação seca, de maio a outubro, a areia fica ainda mais fofa e rodar por aqui é uma aventura até mesmo com carros tracionados.
Na época das chuvas, muitas estradas acabam danificadas e isso pode ser mais uma dificuldade para você vencer.
Os problemas são tão frequentes que muitas locadoras de Palmas se recusam a alugar veículos para turistas que têm como destino o Jalapão. A justificativa é que, em caso de pane ou de acidentes, o guincho do seguro não chega aqui.
Viajar pelo jalapão de carro é uma boa ideia?
Conversando com um guia que tem muita experiência nessas terras, ouvi relatos de pessoas que tiveram prejuízos grandes.
Uma dessas histórias era a de um grupo de universitários que teve o para-choque e o radiador de uma Duster danificados.
Ao retornarem com o carro destruído para a locadora, os viajantes tiveram que pagar pelas peças, pela mão-de-obra e pelos dias que o carro ficou parado. Isso tudo porque as avarias foram causadas por mal uso.
Eu também tive que ajudar um desses veículos atolados na areia.
Já era noite, todos os carros deixavam o Jalapão com destino a uma das cidades que servem como base para o passeio diário: Ponte Alta do Tocantins, Mateiros e São Félix do Tocantins, e, numa estrada escura, o motorista, que dizia conhecer os trajetos do Jalapão, havia patinado na areia e atolado.
Com nossa ajuda, ele conseguiu sair do buraco, mas como aqui toda sorte é insuficiente, ficou agarrado poucos metros adiante.
Nós o ajudamos novamente e, dessa vez, ele seguiu viagem em paz. Pelo menos é o que eu acho.
Outro fator que você deve observar, antes de sair pelo Jalapão de carro, é que as estradas têm pouquíssimo tráfego.
Normalmente, quem precisa de socorro tem que esperar muito, dependendo da região, dias inteiros.
Nas minhas conversas com o guia, eu também fiquei sabendo que nem sempre é fácil encontrar combustível nos postos das cidades do Jalapão.
Além disso, como o caminhão-tanque nem sempre chega por aqui, a oferta é pouca. O resultado disso são preços absurdos, bem mais altos do que o valor de mercado.
E tem mais: se for viajar pelo Jalapão de carro particular, sozinho, você vai precisar ter muita coordenação logística. Isso interfere na hora de aproveitar o melhor horário de cada atrativo.
Perder o pôr do sol nas Dunas ou na Pedra Furada, por exemplo, é um pecado mortal.
Compensa viajar com agência?
Depois de tudo isso que eu expliquei, você vai concordar que a melhor forma de viajar pelo Jalapão é contratando uma agência. Você pode também optar por um guia experiente que conheça bem a região.
Eu viajei com a Cerrado Dourado e experimentei quatro dias de muita tranquilidade.
Mergulhando em cachoeiras de águas translúcidas, subindo montanhas para assistir, lá do alto, o nascer do sol e desfrutando dos famosos fervedouros, eu conheci o Jalapão sem preocupação e sem estresse.
Por isso, eu sugiro que você contrate um passeio guiado. De preferência em um veículo com ar-condicionado, já que em algumas áreas do Jalapão os termômetros registram temperaturas acima dos 50 graus – isso não é frescura.
Quanto custa viajar pelo Jalapão de carro
Eu fiz as contas e, somando os gastos com aluguel de um veículo 4×4, combustível, a diária de um guia local, alimentação, hospedagem e a entrada nos atrativos, os valores aproximados para viajar pelo Jalapão de carro particular, considerando uma expedição de quatro dias, são estes:
ÍTEM | CUSTO DIÁRIO | CUSTO PARA 4 DIAS |
Aluguel de veículo 4×4 | R$ 500 | R$ 2.000 |
Combustível | R$ 100 | R$ 400 |
Guia de turismo | R$ 150 | R$ 600 |
Hospedagem | R$ 150 | R$ 450 |
Alimentação | R$ 50 | R$ 200 |
Entrada nos atrativos | R$ 35 | R$ 140 |
TOTAL | R$ 985 | R$ 3.790 |
Para viajar com uma agência tendo todos esses serviços inclusos, você vai pagar entre R$ 1.800 e R$ 2.200. A Cerrado Dourado tem pacotes de quatro dias a partir de R$ 1.999.
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