Subir o Morro do Chapéu: melhor trilha da Chapada das Mesas

Entre todos os lugares que conheci e de todas as atividades que fiz, subir o Morro do Chapéu foi, sem dúvida, o ponto alto da viagem para a Chapada das Mesas, no sul do Maranhão.

Eu estou falando de uma trilha curta, porém desafiadora, que termina com uma vista panorâmica impressionante da região. Então, se você gosta de aventura, contato com o Cerrado e ainda receber uma recompensa no final, essa experiência precisa entrar no seu roteiro.

→ Onde ficar na Chapada das Mesas

Tudo começa em Carolina, que é a principal cidade base para quem vai explorar a Chapada das Mesas.

Eu já te adianto que é uma cidade pequena, com ar de interior, mas que está se preparando bem para o turismo: tem boas pousadas, restaurantes simples e várias agências que organizam passeios para as principais atrações naturais da região.

Foi em Carolina que me hospedei e de onde saí bem cedo para subir o Morro do Chapéu.

Como é subir o Morro do Chapéu

Acordei ainda no escuro, por volta das 5h, tomei um café rápido e segui para a trilha com o guia da Cia do Cerrado — só é permitido subir com guia, já que o morro está na zona de amortecimento do Parque Nacional.

O dia ainda nem tinha clareado direito quando entramos na estrada e isso fez toda a diferença na experiência.

A trilha em si começa de forma sutil.

O caminho surge no meio da vegetação do Cerrado, com árvores baixas, solo arenoso e aquele silêncio que só quem está se afastando de tudo consegue perceber.

A primeira parte da trilha é relativamente tranquila, com uma subida suave e bastante vegetação ao redor. Mas à medida que se avança, o desafio começa a aparecer.

O terreno vai ficando mais íngreme e o solo, mais irregular. As pedras soltas dificultam a firmeza dos pés e exigem mais das pernas.

Depois de um trecho assim, a gente chega ao ponto mais desafiador da trilha: uma subida quase vertical, onde é necessário usar as mãos e contar com a ajuda de cordas presas entre troncos e pedras.

Essas cordas são colocadas pelos guias que rotineiramente fazem o percurso e nos ajudam bastante. É uma escalada curta, mas que exige atenção e força nos braços.

Foi nesse trecho que percebi como subir o Morro do Chapéu é mais do que uma caminhada.

É uma trilha que nos coloca em movimento de verdade, que exige do corpo e convida à superação. Mas, apesar do esforço, é perfeitamente viável para quem tem condicionamento básico e disposição.

Eu mesmo não sou trilheiro profissional, apenas um viajante que gosta de se desafiar, e consegui subir com tranquilidade, respeitando meu ritmo.

A vista no topo

Depois de aproximadamente uma hora de subida, dependendo do ritmo e das paradas, a gente chega ao topo do Morro do Chapéu, a exatos 378 metros de altura.

O cansaço dá lugar à contemplação e aquele silêncio absoluto que só existe em lugares assim toma conta de tudo. O cume é um platô largo, com espaço de sobra para andar, tirar fotos e encontrar o seu próprio canto para observar o horizonte.

De lá, a vista é de 360 graus. Dá para ver a cidade de Carolina ao fundo, o Rio Tocantins cortando o vale, outras formações rochosas da Chapada e, em dias de céu limpo, parece que a paisagem não tem fim.

Eu tive a sorte de pegar um amanhecer com céu limpo e luz dourada. Cheguei ao topo com dia claro, sem calor sufocante — por isso é bom subir o Morro do Chapéu logo cedo.

A vontade era de ficar ali em cima o dia inteiro.

Sentei em uma pedra, comi uma fruta, tomei bastante água e só fiquei olhando. Alguns minutos depois, me levantei e comecei a explorar o platô.

Muita gente sobe, tira uma ou duas fotos e começa a descer, mas recomendo ficar um pouco mais: o topo tem vários mirantes naturais e formações curiosas.

Caminhei com calma, tirei mais fotos e encontrei cantinhos que renderam imagens incríveis, longe de qualquer movimentação.

Depois de um bom tempo aproveitando a paisagem e recuperando o fôlego, comecei a me preparar para descer.

E vai uma dica que muita gente ignora: a descida pode ser mais complicada do que subir o Morro do Chapéu.

O terreno continua inclinado, as pedras soltas e o cansaço acumulado das pernas podem atrapalhar a estabilidade. Descer com pressa é o tipo de erro que pode transformar um passeio incrível em um acidente.

Fui com calma, usando as mãos quando necessário e o guia também foi mostrando os melhores apoios.

Em alguns trechos, preferi agachar um pouco para garantir segurança. Não me importei com o tempo — queria terminar a trilha tão bem quanto comecei.

O calor já estava mais forte, então parei duas ou três vezes para beber água, molhar o rosto e respirar fundo. Cheguei cansado, mas feliz por ter feito a melhor trilha da Chapada das Mesas.

Como chegar ao início da trilha

O acesso ao Morro do Chapéu exige um pouco de atenção. São cerca de 13 quilômetros de distância a partir do Centro de Carolina.

Primeiro, seguimos por uns cinco quilômetros de asfalto pela BR-230, a famosa Transamazônica. Depois, pegamos uma estrada de terra que se estende por mais ou menos oito quilômetros.

Esse segundo trecho varia muito conforme a época do ano. Na estação seca, entre maio e setembro, o caminho é tranquilo, embora com areia fofa e alguns trechos com erosão. Já na época das chuvas, que vai de dezembro a março, a estrada pode ficar bem complicada — e aí, um carro com tração 4×4 é praticamente indispensável.

Mesmo indo na seca, senti que um carro comum exige cautela.

A estrada é estreita, curvas e trechos bem soltos. Mas com atenção, dá para fazer. No meu caso, fui com o guia que já estava acostumado com o trajeto, o que trouxe mais segurança.

Para quem não conhece a região, recomendo muito ir acompanhado. Não há sinalização e o sinal de celular desaparece logo nos primeiros quilômetros.

Perguntas frequentes

Precisa de guia para subir o Morro do Chapéu?
Sim, o acompanhamento de um guia é obrigatório. O Morro do Chapéu está localizado na zona de amortecimento do Parque Nacional da Chapada das Mesas, uma área protegida por normas ambientais. Além disso, o trajeto não é sinalizado, a trilha é exigente e o acesso por estrada de chão pode ser confuso. O guia garante a segurança, orienta sobre os melhores pontos da trilha e ajuda a minimizar riscos durante o percurso.

Qual a dificuldade da trilha do Morro do Chapéu?
A trilha é considerada de alta dificuldade, apesar de curta. O terreno é acidentado, com trechos íngremes, areia fofa e muitas pedras soltas. Um dos pontos mais críticos é um paredão final, onde é necessário usar as mãos e cordas para escalar. É uma trilha que exige força nas pernas, equilíbrio e atenção constante.

Quanto tempo leva para subir o Morro do Chapéu?
Em média, o tempo de subida varia entre 40 minutos e uma hora. O ritmo depende do preparo físico do visitante e das condições do tempo. A descida, por ser mais rápida, costuma levar cerca de 30 minutos, mas também exige atenção por conta do terreno solto e da inclinação.

Quando é a melhor época para fazer a trilha?
A estação seca, que vai de maio a setembro, é a mais indicada para subir o Morro do Chapéu. Nesse período, o clima é firme, as trilhas estão mais seguras e o acesso por estrada de terra é mais fácil. Na época das chuvas, além do risco de raios, o solo fica escorregadio e a trilha pode ser fechada por precaução.

É possível subir o Morro do Chapéu em dias de chuva?
Não. Em dias de chuva forte ou com risco de tempestade, a trilha é fechada por medida de segurança. O terreno molhado aumenta muito o risco de quedas e deslizamentos, e a exposição no topo do morro torna perigoso qualquer contato com raios. Sempre verifique a previsão do tempo antes de agendar a subida.

É necessário usar equipamentos especiais?
Não é obrigatório, mas é essencial estar bem preparado. Use roupas leves, chapéu, protetor solar e calçado com bom grip, como tênis de trilha. Leve pelo menos 1,5 litro de água, lanche leve, repelente e, se possível, luvas para facilitar os apoios em pedras e cordas. Como não há estrutura no caminho, tudo deve estar com você desde o início.

Como chegar ao início da trilha?
Saindo de Carolina, são cerca de 13 quilômetros, sendo oito em estrada de terra. Esse segundo trecho passa por áreas com areia fofa e vegetação fechada, o que pode dificultar a navegação. Por isso, o ideal é obrigatório ir com um guia local e, na época chuvosa, com um veículo 4×4.

O que dá para ver do alto do Morro do Chapéu?
Do topo, a vista panorâmica impressiona. É possível avistar a cidade de Carolina, o Rio Tocantins ao fundo e outras formações rochosas, como o Morro das Cabras, com seu formato piramidal. A paisagem se estende por dezenas de quilômetros em dias claros e o nascer do sol visto dali é inesquecível.

Crianças e idosos podem subir?
A trilha não é indicada para crianças pequenas nem para pessoas com mobilidade limitada. O esforço físico exigido, combinado com o risco de escorregões e a ausência de estrutura, exige que o visitante tenha bom preparo físico e disposição para encarar um trajeto técnico e cansativo.

É seguro subir sozinho?
Não. Além de ser proibido pela norma ambiental da área, subir sozinho representa um risco real. A trilha é isolada, sem sinal de celular, e um acidente ou desorientação pode se tornar grave sem ajuda. A presença de um guia é fundamental tanto pela segurança quanto pela experiência enriquecedora.