
Foto: Paul R. Burley
Conhecer o Centro Histórico de Vitória ainda é um programa pouco procurado por viajantes na capital capixaba. É que a maioria dos turistas que chega à cidade procura praia e acaba se esquecendo de todo o resto.
Quem é um viajante mais atento e se interessa em ir mais a fundo na história dos lugares que visita encontra no Centro bons motivos para ter boas lembranças.
Neste artigo, eu vou explicar sobre:
História de Vitória
A capital do Espírito Santo, também chamada pelo doce nome de Ilha do Mel, foi oficialmente fundada apenas 51 anos depois que os primeiros portugueses chegaram ao Brasil.
Naquela época, o território que hoje é o estado de Minas Gerais fazia parte da mesma porção territorial que tinha Vitória como capital. Vivíamos o tempo das companhias hereditárias e a exploração do ouro estava em seu auge.
A memória desse período histórico a cidade preserva em seus casarios, prédios e igrejas. Espalhados pelo Centro Histórico de Vitória, podem ser conhecidos por meio do Visitar Centro Histórico, uma iniciativa da Prefeitura que cria roteiros e monitora monumentos.
Mas o mais legal é que ele envolve a comunidade na preservação dos patrimônios históricos.
Centro Histórico de Vitória
O passeio por quase 500 anos de história nos leva a diversos pontos importantes: o Theatro Carlos Gomes, que foi inspirado no Teatro Scala de Milão; a Catedral Metropolitana, que demorou cinquenta anos para ser construída; e o Convento de São Francisco, o primeiro convento franciscano construído ao sul do Brasil são alguns deles.
Igreja Nossa Senhora do Rosário
A Igreja Nossa Senhora do Rosário foi erguida em apenas dois anos pelos membros da Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
Muito mais do que um templo religioso, o prédio tem uma importante relação com a luta pelo fim da escravidão em terras capixabas. Um símbolo disso é a Casa de Leilão, construída ao lado da igreja, onde os membros da irmandade arrecadavam dinheiro para comprar a liberdade de negros escravizados.

Foto: Paul R. Burley
No interior do prédio, um pequeno museu com peças da época reconta sua história. A igreja tem ainda ossuários nos seus corredores e um cemitério na lateral. Até hoje, a procissão de São Benedito é organizada anualmente.
Para chegar até a igreja é preciso vencer uma extensa escadaria que tem vista para a baía de Vitória.
Catedral Metropolitana de Vitória
A Catedral Metropolitana de Vitória tem fortes características do estilo gótico, mas é considerada eclética.
O prédio demorou cinquenta anos para ser concluído e o destaque são os vitrais – cada um foi doado por uma família ou grupo de destaque da época.
A Catedral ocupa o lugar onde, até 1918, estava a Igreja de Nossa Senhora da Vitória, a antiga Matriz da cidade. O prédio, que tinha estilo colonial, começou a ser edificado em 1551, quando Vitória ainda se chamava Vila Nova.
Capela de Santa Luzia
Essa é a edificação mais antiga da ilha e foi construída a partir de 1537 para ser uma capela de uso particular.

Foto: Paul R. Burley
Ela fica na Cidade Alta, é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e desde 1996 abriga o escritório técnico do Instituto no Espírito Santo.
Convento de São Francisco
O Convento de São Francisco começou a ser construído no final do século 16 pelos padres franciscanos. Ao conjunto eclesiástico foi acrescentado, mais tarde, um cemitério municipal, que funcionou até 1908.
Hoje, o que restou do conjunto arquitetônico original do Convento de São Francisco é apenas a fachada. Atualmente, abriga a Cúria Metropolitana e diversas entidades ligadas à Igreja Católica.
Convento do Carmo
O Convento de Nossa Senhora do Monte do Carmo foi fundado em 1682 por padres carmelitas e era formado também pela Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo e pela Capela da Ordem Terceira.

Foto: Paul R. Burley
Todos tinham estilo colonial, com linhas barrocas. Ao longo dos anos, o edifício chegou a ser usado como quartel militar.
Igreja de São Gonçalo
Onde hoje funciona a Igreja de São Gonçalo era uma capela construída pela Irmandade de Nossa Senhora do Amparo e da Boa Morte, uma irmandade de homens pardos.

Foto: JLPizzol
A igreja foi tombada como patrimônio histórico pelo Iphan e tem estilo colonial com características barrocas em sua fachada e também no altar-mor, que tem entalhes em madeira pintados a ouro.

Foto: JLPizzol
Para os casais apaixonados, a Igreja de São Gonçalo tem a fama de ser a igreja dos casamentos duradouros e felizes. Com isso, muitas cerimônias são feitas aqui.
Theatro Carlos Gomes
O Theatro Carlos Gomes foi construído em uma época em que a cidade de Vitória passava por importantes transformações urbanas. Essas transformações tinham como objetivo fazer de Vitória uma capital moderna.

Foto: Paul R. Burley
No prédio atual, inspirado no Teatro Scala de Milão, foram aproveitadas as colunas de ferro fundido do antigo Melpômene, teatro que também ficava no Centro Histórico de Vitória, mas que foi destruído por um incêndio em 1924.
O teatro foi inaugurado em janeiro de 1927 e tem estilo arquitetônico eclético.
Museu de Arte do Espírito Santo
O Maes está instalado em um prédio tombado pelo patrimônio do Estado e tem amplo acervo doado pelo governo estadual.
As exposições do Maes privilegiam artistas capixabas, mas também recebe obras de autores nacionais e internacionais. O espaço tem uma biblioteca e uma videoteca.
Casa Porto das Artes Plásticas
Construída em 1903 nos estilos arquitetônicos do século 20, foi sede da Capitania dos Portos do Espírito Santo por mais de três décadas.
A Casa Porto tem como finalidade promover e sediar eventos culturais ligados às artes plásticas. Atualmente, a Casa Porto das Artes Plásticas passa por uma restauração e ampliação.
Museu Solar Monjardim
Localizado no bairro Jucutuquara, mais distante do Centro Histórico, o Museu Solar Monjardim é o único museu federal de Vitória. Ele é um museu-casa e há uma vasta coleção que revela aspectos da vida cotidiana de uma família rica do século 19.

Foto: Profclara
O casarão que abriga o museu teve sua construção iniciada na década de 1780 e era a sede da antiga Fazenda Jucutuquara, que abrigava inúmeros bairros da região central da ilha de Vitória.

Foto: Profclara
Por ser uma referência expressiva da arquitetura rural colonial brasileira, o Museu Solar Monjardim foi tombado como patrimônio nacional em 1940. A entrada é franca e todas as visitas são guiadas por profissionais do museu. De terça a sexta, das 9h30 às 16h30. Sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h.
Palácio Anchieta
Uma das sedes de governo mais antigas do Brasil, o Palácio Ancheta é a casa oficial do governo capixaba, mas foi construído para funcionar como colégio jesuíta.
Ele fica na Cidade Alta, de frente para a baía de Vitória, e seus corredores são testemunhas da história do Espírito Santo.

Foto: Paul R. Burley
Há duas modalidades de visitas. Nos dias úteis, somente a parte histórica pode ser visitada; aos sábados e domingos, a visita inclui os demais salões e o gabinete do governador.
Escadaria Maria Ortiz
Conhecida como Ladeira do Pelourinho, hoje ela homenageia a vitória dos capixabas sobre piratas holandeses, que tentaram conquistar a ilha durante o século 17.
A jovem Maria Ortiz é considerada uma heroína capixaba porque se destacou ao incentivar os vizinhos a agirem: eles arremessaram água fervente, brasa, pedras, entre outros objetos, sobre os holandeses que tentavam alcançar o coração a Cidade Alta e o domínio da ilha.
Seguindo o exemplo de Maria Ortiz, o povo capixaba conseguiu espantar os holandeses, que retornaram ao seu navio.
Escadaria São Diogo
A escadaria foi construída ao lado de um antigo forte de proteção de Vitória, o Forte São Diogo, que tinha a posição estratégica de monitorar um dos acessos à Cidade Alta.
Devido à falta de espaço para expansão da capital, que até então possuía inúmeras fortificações, foi necessário o aterro de parte do canal de Vitória. Com isso, o forte perdeu sua utilidade, sendo removido no século 19.
Apesar da escadaria se manter discreta na paisagem da cidade, ela ainda preserva a importante função conexão, ligando a cidade baixa, a partir da Praça Costa Pereira, à cidade alta, próximo à Catedral Metropolitana.
Viaduto Caramuru
O viaduto foi construído em 1925 para servir de passagem para o bonde, que então circulava pela Cidade Alta. Entretanto, ele nunca chegou a atravessar o viaduto pois não conseguia fazer as curvas das estreitas ruas da região.

Foto: Gabriel Fernandes
Como visitar o Centro Histórico de Vitória
Turistas e moradores podem visitar os prédios do Centro Histórico de Vitória gratuitamente.
São mais de 50 pontos de interesse turístico e cultural que integram a área. Em sete deles as visitas são acompanhadas por monitores do Visitar Centro Histórico. Eles ficam abertos de quarta a sexta, das 13h às 17h, e aos sábados e domingos das 9h às 13h.
O atendimento é realizado por monitores capacitados que apresentam aspectos históricos, arquitetônicos e culturais de cada espaço. Também está disponível para o visitante o Mapa do Centro Histórico de Vitória, em português e inglês.
Como chegar a Vitória
As principais rodovias que levam à capital capixaba são a BR-101, a BR-262, e a Rodovia do Sol, ES-060, que faz a ligação litorânea regional. O principal porta de entrada para cidade é o Aeroporto Eurico Sales (VIX).
A Estrada de Ferro Vitória-Minas também transporta passageiros. O trajeto começa em Belo Horizonte, passa pelas cidades do leste mineiro e termina em Cariacica, cidade da Região Metropolitana de Vitória.
O legal de Vitória é que é uma cidade que te faz voltar no tempo e pensar de como era a vida naqueles tempos em que o Brasil ainda era uma colônia… de como era forte a religião católica no país e etc.
Que tal se preparar pra dá uma passada aqui em Belém? Daqui a 3 anos a porta de entrada da Amazônia completa 400 anos
16/01/2016 #dica
Ótima sugestão, Marcos. Assim que puder apareço em Belém. Um abraço!
Estudei aqui próximo… saudades!