No segundo dia de viagem a bordo do cruzeiro de expedições Stella Australis, vou visitar a Baía Ainsworth. Esta é uma região alagada que já foi totalmente coberta pelo gelo da Patagônia, um dos lugares mais misteriosos do planeta.
O primeiro café da manhã é servido às 7h e é chamado de café para madrugadores. Ele é destinado àqueles passageiros que acordam cedo naturalmente – o que não é o meu caso.
E, também, para quem levanta antes do sol para assistir ao nascimento do astro-rei. Porém, como estamos vivendo dias nublados, acordar cedo com esse propósito é perda de tempo.
Acordo às 8h. O café está servido no Comedor Patagônia, como eles chamam o restaurante do navio.
Sabe aquele típico café da manhã de gringo com bacon, ovo, pão e muitas calorias? É nele que embarco, mas há também opções mais saudáveis como frutas, granola, sucos e iogurtes.
Depois do café, só dá tempo de descer até a minha cabine para reforçar a camada de roupa e vestir o colete salva-vidas, pois já é hora de descer na Baía Ainsworth, nossa primeira parada.
Neste ponto, quero chamar sua atenção para duas questões muito importantes.
A primeira é que a melhor opção é usar camadas de roupas para se aquecer. Eu usei uma segunda pele, um casaco intermediário e um segundo casaco mais quente, impermeável e com capuz para me proteger. Luvas e um calçado impermeável também são essenciais.
Quando desci do navio, fazia 5 graus, mas o vento forte que sopra do lado de fora leva a temperatura para bem menos.
Entretanto, à medida que a gente caminha, a temperatura do corpo aumenta e, então, basta tirar o casaco superior ou o intermediário. Esse é o grande benefício de se vestir usando a técnica de camadas.
A segunda questão é sobre o colete salva-vidas. Assim que chegar à cabine, prove-o e veja se você se sente confortável com ele.
Durante todos os dias, no momento do desembarque, você deverá vestir o seu colete e se dirigir ao salão onde serão dadas as instruções sobre o local a ser visitado. O desembarque até às ilhas é feito em botes e, por questão de segurança, você só embarcará se estiver devidamente protegido.
Neste artigo, eu vou explicar sobre:
A intocada Baía Ainsworth
A Baía Ainsworth é uma área que, há cerca de cem anos, estava completamente coberta pelo gelo. Hoje, ela é uma imensa área semialagada pela água que escorre das geleiras ao redor.
É neste lugar que percebo que a vida na Patagônia é mesmo misteriosa: árvores nascem dos musgos que crescem sobre as pedras e animais migram centenas de quilômetros ara sobreviver ao extremo frio do inverno.
Caminhando por uma terra ainda pouco visitada – somente o Stella Australis chega à Baía Ainsworth – piso sobre a neve, cruzo pontes improvisadas e chego a um paredão de rocha coberto pelos líquenes que crescem com a umidade abundante.
Essa pequena extensão de terra, com pouco mais de oito quilômetros de largura, foi descoberta pela Expedição Antártica Australasiática, que percorreu todo esse caminho entre os anos de 1911 e 1914.
A baía tem esse nome em homenagem ao chefe do sistema de meteorologia do grupo.
Depois de cerca de duas horas de trilha, é hora de voltar para o navio.
Mas, antes, me aqueço com um chocolate quente servido pela equipe do Stella ainda na praia da Baía Ainsworth. Há outras opções como uísque, refrigerantes e água.
Já dentro do navio avisto, pela primeira vez, um pôr do sol incrivelmente azul e lindo como poucos que já vi.
Como visitar a Baía Ainsworth
Quanto custa
A viagem no Stella Australis no estilo all inclusive – isso inclui bebidas alcoólicas – custa a partir de USD 2.900, e o preço varia de acordo com a quantidade de dias e com o navio escolhido.
Quando ir
A temporada de cruzeiros nessa parte do mundo começa em setembro e vai até abril, mas os melhores meses são de novembro a janeiro, quando há mais baleias, pinguins e outros animais na região.
A melhor época para visitar a cidade é no verão, de dezembro a março, quando as temperaturas chegam a 15 graus. No inverno, os termômetros sempre estão próximos a zero grau, podendo chegar a temperaturas negativas. Em Punta Arenas, os ventos são fortes o ano todo.
Como chegar
A Baía Ainsworth fica entre o cabo Bage e o cabo Webb, no extremo sul do continente americano, e a única maneira de chegar é a bordo dos navios da Cruzeiros Australis. O desembarque é feito por volta das 10h do segundo dia de viagem, exclusivamente na rota que vai de Punta Arenas a Ushuaia, na Argentina.
O voo de Santiago a Punta Arenas é longo. São aproximadamente quatro horas de viagem até que a aeronave pouse no Aeroporto Carlos Ibanez Del Campo (PUQ), que fica a 20 quilômetros da cidade e atende a toda a região.
O aeroporto tem uma boa infraestrutura e é melhor do que alguns aeroportos de capitais brasileiras. Para chegar ao Centro, você tem duas opções: tomar um táxi – que vai te cobrar cerca de CLP 15.000 – ou pegar um micro-ônibus e pagar CLP 3.500. O transfer é seguro, confortável, e a viagem demora cerca de 40 minutos, tempo suficiente para um cochilo.
O que levar
Esteja preparado para o frio.
O ideal é usar agasalhos no estilo de camadas, de modo que você possa tirá-los à medida que caminha e que seu corpo se aquece. Uma segunda pele, um casaco intermediário e um impermeável completam as três camadas. O mesmo vale para as pernas. Use sapatos de trekking – ou equivalentes – que sejam impermeáveis e confortáveis.
Leve um par de luvas, gorros e o que achar conveniente para se proteger. Óculos de sol e protetor solar são indispensáveis.
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