A cidade de Arequipa é a segunda maior do Peru. Ela está encravada na Cordilheira dos Andes, a 2.300 metros acima do nível do mar. Além dos prédios do Centro Histórico e dos imponentes picos nevados que cercam a cidade, eu descobri o Cânion do Colca. Um destino imperdível para quem está planejando visitar este lado do Peru.
Reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, o Centro Histórico foi construído com sillar, uma rocha vulcânica de cor clara, e por isso, Arequipa é também chamada de Cidade Branca.
Embora a cidade tenha todo esse apelo histórico, a maioria dos turistas que chega a Arequipa faz o passeio bate-volta até o Cânion do Colca. Isso porque, a não ser que você tenha um forte motivo, não é necessário pernoitar na região do Cânion.
Bate-volta ao Cânion do Colca
A viagem de Arequina até o Cânion do Colca começa cedo, porque é preciso percorrer 250 quilômetros – uma grande parte em estrada de terra – cruzando dezenas de pequenas vilas às margens do rio Colca.
O vale do Colca foi formado pela movimentação da placa tectônica sul-americana. Ele é um dos mais profundos do mundo, chegando a ter 3.400 metros em seu ponto máximo, que fica mais longe, na cidade de Canco.
O ponto mais alto da região é o vulcão inativo Ampato, com 6.288 metros de altitude, enquanto que o mais baixo é onde se encontra o leito dos rios Colca e Andamayo, a 970 metros do nível do mar.
Todo o vale tem uma extensão de 100 quilômetros e ocupa apenas um setor da bacia do rio Colca, entre os distritos de Callalli e Huambo.
Nesta área, existem 16 aldeias collaguas e cabanas, herdeiras de uma rica tradição cultural. Entretanto, as aldeias de Chivay e Cabanaconde são as mais visitadas por turistas.
Porta de entrada para o Cânion, Chivay fica a 42 quilômetros de Arequipa e a paisagem até ela já vale o passeio: a gente viaja sobre uma área de vulcões, alguns inativos e outros apenas adormecidos e não é raro encontrar neve pelo caminho.
Em Chivay estão as piscinas de águas termais que brotam a quase 90 graus e descem do vulcão Misti carregadas de enxofre. Nas piscinas, peruanos e estrangeiros se banham para se aquecer do frio e por acreditarem em seus poderes curadores.
Não é preciso andar muito para perceber que a gente está em terras de longa história.
Os povos que habitavam esta região, antes da chegada dos incas, eram mestres no cultivo do maíz, uma espécie de milho. Além disso, foram eles os primeiros a criar os terraços nas montanhas para ampliar as possibilidades de plantio.
Hoje, os collaguas e os cabanas dividem o domínio da região e se diferenciam de uma forma muito peculiar.
Os collaguas habitam as partes mais altas do vale e as mulheres usam sempre chapéus bordados. Já os cabanas ocupam a parte mais próxima ao rio e as mulheres não têm enfeites nos chapéus.
O VOO DO CONDOR
A estrada sinuosa que margeia o cânion nos leva até o ponto mais alto da rota. Cabanaconde é famosa por ser o lugar onde assistimos ao enigmático voo do condor-dos-andes, no mirante Cruz del Condor.
Não há quem venha ao Colca e não almeje apreciar o voo de uma das maiores aves do planeta, que desperta grande admiração em boa parte dos países andinos.
Medindo quase 1,5 metro de altura e com mais de três metros de envergadura, o condor-dos-andes abre as suas asas sobre o cânion e proporciona momentos de entusiasmo e plenitude.
Apesar do dia ter começado frio e nublado, o sol apareceu e eu tive a sorte de ver e de fotografar o voo destes gigantes bem de perto.
No caminho de volta para Arequipa, Maca é um pequeno vilarejo que sofreu durante anos com a erupção do Quehuisha.
Na última vez, o vulcão começou lentamente a soltar fumaça e cinzas em um processo de erupção que durou mais de um ano e atingiu fortemente a cidade. Com isso, centenas de moradores tiveram que abandonar suas casas.
Ainda hoje, é possível ver as evidências da destruição causada pelo vulcão.
A viagem pelo Cânion do Colca não termina antes de cruzar uma estrada longa e com poucas curvas, que corta o Parque Nacional de Aguada Blanca.
Ele é a morada de lhamas e vicunhas selvagens que, assim como o condor, são símbolo da Cordilheira dos Andes.
QUANDO IR
De forma geral, as temperaturas de Arequipa são amenas, com termômetros oscilando entre dez e 24 graus praticamente o ano todo.
Um ponto positivo da cidade é que ela tem mais de 300 dias de sol por ano. No verão, de novembro a abril, a temperatura gira em torno dos 20 graus.
No inverno, os termômetros variam entre cinco e nove graus. As chuvas são mais frequentes de janeiro a março, quando chove praticamente todos os dias – apesar disso, não são chuvas duradouras.
A melhor época para programar uma viagem para Arequipa é de novembro a abril: os meses ideais são dezembro e janeiro.
Em agosto, a cidade lembra o aniversário de sua fundação espanhola com feiras, fogos de artifício e até brigas de touros. Nessa época faz frio especialmente à noite.
COMO CHEGAR
Uma viagem de carro de Lima a Arequipa pode ser longa o suficiente para lhe deixar entediado. São mais mil quilômetros de estrada saindo do nível do mar até uma altitude de 2.380 metros.
O roteiro pode ficar mais interessante se você tiver tempo e disposição para fazer paradas em cidades estratégicas, como em Paracas, Nazca, Ica, e vilarejos pelo caminho.
A maneira mais fácil de chegar a Arequipa é de avião. O Aeroporto Rodriguez Ballon (AQP) fica a oito quilômetros do Centro.
→Principais companhias aéreas do Peru
Há dois terminais de ônibus na cidade: o Terminal Terrestre e o Terminal Terrapuerto. Eles estão um do lado do outro, a cerca de três quilômetros do Centro Histórico. Um táxi até eles custa cerca de PEN 10.
→ Principais empresas de ônibus no Peru
Onde ficar em Arequipa
Para quem vai fazer o bate-volta até o Cânion do Colca, a melhor opção é ficar nos arredores da Plaza de Armas, em Arequipa.
A praça fica perto de tudo, e justamente por isso o preço das diárias pode ser mais caro – ainda assim, eu acho que vale a pena pela comodidade.
Naturalmente, à medida em que se afasta da praça, é fácil encontrar opções mais baratas.
Eu listei as opções de hospedagem mais bem avaliadas e preferidos dos viajantes independentes – como nós – para você dar uma olhada.
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