Quem vai passar alguns dias em São Luís, capital do Maranhão, pode se programar para fazer um bate-volta em Alcântara, cidade histórica, cheia de curiosidades e que fica bem pertinho.
Na verdade, Alcântara fica do outro lado da baía que se forma da junção do mar com as águas do Rio Mearim.
Saindo de São Luís, a maneira mais comum de chegar a Alcântara é de barco: é preciso navegar cerca de 1h30 até colocar os pés em terra firme.
Neste artigo, eu vou explicar sobre:
Entenda Alcântara
Alcântara foi fundada em 1648 e teve na cultura do algodão, da cana-de-açúcar e no trabalho escravo os fundamentos de sua economia. Considerada uma das cidades mais ricas do país, era a preferida dos aristocratas daquela época.
Com o fim da escravidão no Brasil e com a falência desse modelo de negócio, muitos donos de terra abandonaram Alcântara deixando tudo para trás.
Alcântara, assim com tantas outras cidades brasileiras, se desenvolveu com as marcas que a escravidão deixou. Marcas que estão nas emoções e no físico das pessoas e, também, nas ruas da cidade.
→ Centro Histórico de São Luís
Quem mora em Alcântara não passa um dia sequer sem sentir o que a escravidão simbolizou – e ainda simboliza – para as gerações passadas.
Uma prova disso são as calçadas de pedras cabeça-de-negro e cantaria, feitas por escravos para agradar os simpatizantes da Maçonaria.
Esses desenhos sobem a Ladeira do Jacaré e chegam à principal rua de Alcântara.
→ Lençóis Maranhenses em dois dias
Alcântara tinha um mercado ativo de compre e venda de escravos. Na rua da Amargura, o Palácio Negro é o símbolo maior dessa aberração histórica. Perto dele ficava o Pelourinho, que, atualmente, está ao lado das ruínas da Igreja de São Matias.
O que ver e fazer em Alcântara
Ao desembarcar na cidade, você será conduzido pelo passado colonial que Alcântara preserva em forma de casarões, igrejas e monumentos.
O núcleo histórico da cidade tem um conjunto arquitetônico com mais de trezentos prédios e ruínas dos séculos 17 e 18. Eles estão espalhados pelas praças, travessas e ruas, e são declarados Patrimônio Histórico Nacional desde 1948.
Dá para conhecer os principais pontos da cidade em parte de um dia – uma manhã ou uma tarde.
Eu preferi fazer isso de manhã para ter mais tempo de explorar Alcântara. A minha lista ficou assim:
- Ladeira do Jacaré;
- Praça da Matriz;
- Igreja de São Matias;
- Museu Histórico de Alcântara;
- Igreja de Nossa Senhora do Carmo;
- Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos;
- Palacete do Barão de Pindaré;
- Capela Nossa Senhora do Desterro;
- Fonte do Mirititíua;
- Museu do Folclore;
- Palácio Negro;
- Pelourinho;
Bate-volta em Alcântara
A chegada é no Porto do Jacaré, onde começa a Ladeira do Jacaré. É ela que nos leva aos principais atrativos de Alcântara, como a Praça da Matriz, onde estão as ruínas da antiga Igreja de São Matias, e o Museu Histórico de Alcântara, um casarão do século 18, cheio de objetos e móveis da época.
A Igreja de São Matias é o cartão-postal da cidade. Aliás, essa igreja é o centro de uma polêmica, porque alguns dizem que ela foi terminada, enquanto outros afirmam de pés juntos que não.
O que se sabe é que ela chegou a ser usada como lugar de culto até 1884, quando foi desativada.
No roteiro, estão a Prefeitura, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo e de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
Um sinal de que Alcântara era uma cidade prestigiada nos tempos em que o Brasil foi colônia portuguesa, é o Palacete do Barão de Pindaré, construído para receber a realeza brasileira.
Naquela época, a chegada anunciada de Dom Pedro II disparou uma disputa na cidade: o Barão do Pindaré e o Barão de Mearim queriam impressionar o Imperador e, por isso, mandaram construir palacetes que demonstravam seu poder e riqueza.
Como a visita foi cancelada, a disputa acabou sem vencedores.
Só tem em Alcântara
Alcântara é uma cidade pacata. Talvez, pacata até demais. Mas, seus moradores têm dois motivos especiais para se orgulhar do lugar que vivem.
Um deles é o fato de Alcântara abrigar o Centro de Lançamento, uma base militar onde são feitos testes para o lançamento de satélites e foguetes.
Isso, na prática, tem pouco impacto na vida dos moradores, mas, sem dúvida, é um motivo justo para se orgulhar.
O outro motivo – que eu acho muito melhor – é que em nenhum outro lugar do mundo a gente encontra o delicioso doce de espécie, feito com farinha de trigo, coco e açúcar.
Herança dos portugueses, o doce se tornou popular por ser distribuído gratuitamente durante a Festa do Divino Espírito Santo, que movimenta a cidade no mês de maio.
Fora do período de festa, o doce de espécie é vendido nas casas e no pequeno comércio de Alcântara. Eu paguei o modesto preço de R$ 1 pela unidade.
Como fazer o bate-volta em Alcântara
Quando ir
Alcântara pode ser visitada o ano inteiro, mas nos meses de outubro a abril as chuvas são frequentes. Portanto, a melhor época é o verão, a estação seca, que vai de maio a setembro.
Para conhecer o básico da cidade, você vai precisar de um dia inteiro – contando o tempo que vai gastar na travessia de barco.
Eu peguei o catamarã às 7h e por volta das 12h já tinha conhecido os principais atrativos de Alcântara.
Eu optei por não contratar um guia e me virei bem, mas se quiser o acompanhamento de um profissional, você pode encontrar informações no Centro de Apoio ao Turista, que funciona na chegada, bem perto do cais.
Como chegar
Alcântara fica a 22 quilômetros de São Luis. Os catamarãs que nos levam até a cidade partem do Cais da Praia Grande, que fica em frente ao Centro Histórico de São Luís. Os horários variam de acordo com a maré, mas há saídas três vezes ao dia. A passagem custa R$ 20, cada trecho.
Para confirmar os horários, você pode fazer contato com as empresas Luzitana (98) 98869-1062 e Bahia Star (98) 98445-1699.
Com sorte – eu digo muita sorte – você pegará o mar tranquilo, pois a regra é que o barco balance muito e, por isso, algumas pessoas passam mal. Se preferir, você pode tomar um remédio para enjoo, conforme seu médico prescrever.
Se quiser fazer o bate-volta para Alcântara de carro, você pode fazer a viagem de duas formas: cruzar a baía de balsa chegando ao terminal Ponta da Espera, em Cajupe, ou seguir por terra em uma viagem que demora cerca de sete horas.
Não há ônibus que faça o trajeto de bate-volta para Alcântara.
Muito boas as dicas. Com bastante detalhes. Ajudou muito. Obrigado
Maravilha, Adenilson.
Um abraço!
Eu paguei 12 reais na Bahia Star de ida e de vinda e 20,00 no doce de espécie q achei muito doce 😂😂😂😂😂😂😂😂😂. Amei conhecer Alcântara e pretendo voltar, já meu marido q fomos de lua de mel, n quer voltar kk
Oi, Ana Lúcia.
Eu gostei do doce de espécie. 🙂
Com jeitinho você convence seu marido a voltar. Fique tranquila! heheh
Um abraço.
Cara muito obrigado pela postagem. Muito boa as fotos
Obrigado, MC!
Um abraço.
Parabéns pela tua postagem… Mto esclarecedor.. Eu imaginava ter que me hospedar para conhecer melhor, mas vi que, chegando cedo tem como conhecer e tirar mtas fotos… Vc pegou o barco às 07h e voltou que horas, ou melhor, qual o último horário para voltar???
Oi, Marcos.
Eu peguei o barco por volta das 17h.
Um abraço. 🙂
Altier, boa noite! Gratidão pelas suas informações precisas. Que texto delicioso de se ler a história. Parabéns e muito obrigada pela ajuda.
Obrigado, Kele. 🙂
Um abraço.
Parabéns!!! Sua abordagem foi clara e objetiva. Obrigada por comentário sobre o carimbó, sou paraense e também fui dançarina de um grupo de carimbó. É impossível ouvir e não começar a bater suavemente os pés no chão! Rsrs
Boa noite. Como foi seu deslocamento para conhecer os principais atrativos da cidade? Obg.
Oi, Vivian.
Em Alcântara eu fiz tudo a pé.
É perto e fácil de encontrar.
Um abraço.
Nossa muito obrigadaa! Vcs são ótimos!
Excelente amigo .. Para quem tem duvida entre conhecer ou não é muito esclarecedor . Pratico , Objetivo e completo.
Obrigado, Kawê.
Um abraço.
Adorei o post!! Muito interessante as informações sobre Alcântara. Vou aproveitar e conhecer na minha viagem agora em julho para São Luis e Lençóis.
Vá mesmo, Luciana.
Alcântara é muito interessante.
Um abraço.
Bom dia, gostei muito do post! Só tem uma coisa errada, você colocou que os meses de maio a setembro é o verão, seria o inverno.
Oi Brenda,
Na verdade eu me referi ao ‘verão’ maranhense, já que por lá eles chamam de inverno a estação chuvosa e de verão a estação seca. 🙂
Um abraço.
Muito esclarecedor. Obrigado!
Valeu, Jader!
Um abraço.
Esse lugar é muito lindo e tem história, as suas ruínas são provas disso . Podem visitar a base de lançamento de foguetes e as cidades vizinhas , Guimarães, Cedral e Cururupu com suas praias lindas e desertas (pouco usadas).
Verdade, Luis. Esse é um roteiro cheio de histórias.
Um abraço.