Cavernas na Chapada dos Guimarães: roteiro completo

Explorar cavernas na Chapada dos Guimarães é uma experiência que vai muito além de um simples passeio por trilhas. É o tipo de aventura que mistura natureza bruta, formações geológicas impressionantes e aquela sensação de descoberta que todo viajante adora.

Se você gosta de caminhadas, paisagens únicas e um certo ar de mistério, pode ter certeza de que esse lugar vai lhe conquistar de cara.

→ Onde ficar na Chapada dos Guimarães

E o mais incrível é que as cavernas na Chapada dos Guimarães foram esculpidas em arenito — e não em calcário, como a maioria das cavernas do Brasil. Isso torna tudo ainda mais raro!

No Complexo de Cavernas Aroe Jari você pode visitar pelo menos três cavernas, sendo que maior tem mais de 1.500 metros de extensão e um visual impactante, com salões gigantescos e passagens estreitas.

Na trilha de nível leve a moderado, a gente também passa por uma gruta de água azulada, por formações rochosas curiosas e ainda podemos tomar um banho de cachoeira para refrescar o calor do Cerrado.

Eu vou mostrar as melhores formas de visitar as cavernas na Chapada dos Guimarães com calma, segurança e, claro, com aquele toque especial que transforma a viagem em algo inesquecível.

Tem dica de transporte, hospedagem, trilha, horários ideais para visitar a Lagoa Azul e tudo mais que pode lhe ajudar a curtir esse destino do jeitinho que ele merece.

Cavernas na Chapada dos Guimarães

O Circuito das Cavernas da Chapada dos Guimarães fica na Fazenda Água Fria, a cerca de 46 quilômetros do Centro de Chapada dos Guimarães.

O passeio completo tem em média 12 quilômetros de trilha, mas quem quiser pode usar o transporte interno da fazenda para reduzir o percurso para pouco mais de dois quilômetros — eu explico isso mais pra frente.

A trilha começa com a Ponte de Pedra, uma formação natural incrível que lembra uma ponte suspensa sobre o Cerrado. Depois, segue para a Caverna Aroe Jari, a maior caverna de arenito do Brasil, com salões amplos e uma atmosfera silenciosa e misteriosa.

A próxima parada é a Gruta da Lagoa Azul, que brilha em tons azul-turquesa no início da tarde — uma das paisagens mais impressionantes da Chapada.

Em seguida, vem a Caverna Kiogo Brado, com cerca de 270 metros de extensão e formações delicadas, e a Caverna Pobe Jari, com um lençol freático e duas entradas que criam um jogo de luz natural muito bonito.

Para fechar o dia, o almoço é servido na sede da fazenda com pratos típicos da região e quem quiser ainda pode dar um mergulho na Cachoeira do Relógio antes de voltar para a cidade.

É um roteiro completo, que combina natureza, trilha e contemplação — e eu vou mostrar o que vi em cada uma dessas maravilhar a partir de agora.

Ponte de Pedra

A Ponte de Pedra é uma formação natural impressionante, esculpida ao longo de milênios pela ação da água e do vento, que fica logo no início da trilha para as Cavernas da Chapada dos Guimarães.

Ela se assemelha a uma ponte suspensa sobre o vazio, criando um cenário que parece ter saído de um filme de aventura.

Durante a trilha, a Ponte de Pedra surge como uma surpresa no meio do Cerrado, com seu arco natural emoldurado por vegetação nativa e paredões de arenito.

É um lugar que convida à contemplação, ideal para uma pausa antes de seguir para os próximos atrativos e para fotos divertidas.

Caverna Aroe Jari

A Caverna Aroe Jari é uma das maiores surpresas da Chapada dos Guimarães — e um dos lugares que mais me impressionaram durante a viagem.

Com cerca de 1.550 metros de extensão, ela é considerada a maior caverna de arenito do Brasil.

Mas o que realmente marca a visita é a experiência como um todo — a caminhada pelo Cerrado, o silêncio dentro dos salões, os jogos de luz nas pedras e a sensação de estar entrando num lugar onde o tempo caminha em outro ritmo.

O nome Aroe Jari vem do idioma bororo e significa morada das almas.

E esse significado faz todo sentido quando você está lá dentro: o ambiente é úmido, escuro e completamente silencioso. As paredes de arenito criam corredores e salões que parecem esculpidos à mão.

A entrada da caverna já impressiona: são 60 metros de largura por 10 de altura — um verdadeiro portal no meio do Cerrado.

Logo nos primeiros metros, um riacho cruza o caminho, trazendo ainda mais vida ao ambiente.

A cada passo, o som dos nossos pés some e o ar fica mais denso, mais fresco. É uma experiência que mexe com os sentidos.

No interior, dois salões principais chamam a atenção.

O Salão do Chuveiro, onde se forma uma pequena cachoeira que refresca o ambiente, e o Salão do Teto Dourado, que brilha quando as gotículas de água refletem a luz das lanternas, criando um efeito visual deslumbrante.

O percurso não é feito até o fim da caverna por causa do nível da água em determinados trechos, mas o que se vê já é mais do que suficiente para encantar.

A visita é sempre acompanhada por guias credenciados — o que, além de ser obrigatório, torna o passeio muito mais interessante. Eu contratei o serviço desta guia.

Os guias explicam os processos geológicos que deram origem às cavernas da Chapada dos Guimarães, mostram detalhes que passariam despercebidos e contam histórias que ajudam a entender o valor de cada lugar.

Gruta da Lagoa Azul

A Gruta da Lagoa Azul é um dos lugares de maior suspense da Chapada dos Guimarães — e não é só pelo nome bonito.

Imagine uma pequena caverna de arenito com uma lagoa de água azul-turquesa no fundo, escondida entre paredões de pedra e vegetação do Cerrado.

Agora some a isso um feixe de luz natural entrando na hora certa do dia e iluminando a água de um jeito quase mágico.

É um daqueles cenários que parecem de outro mundo.

Essa gruta fica na mesma trilha que leva à Caverna Aroe Jari. O acesso é feito a pé, numa caminhada de leve a moderada, com alguns trechos mais estreitos e outros mais abertos.

Durante o percurso, você vai cruzar áreas de campo limpo, trechos de mata e formações rochosas impressionantes. E quando chega na entrada da gruta, a sensação é de que o esforço valeu cada passo.

A Lagoa Azul fica no fundo da caverna, protegida da luz direta do sol durante a maior parte do dia. Mas,  por volta das 13h30 até 14h30,  o sol entra num ângulo perfeito e ilumina a água de uma forma impressionante, fazendo com que ela brilhe em tons azuis profundos.

Esse é o melhor momento para visitar o lugar, então vale organizar o roteiro pensando nesse horário.

O banho não é permitido, tanto por segurança quanto por preservação.

Mesmo assim, a experiência de simplesmente observar o espelho d’água iluminado pela luz natural é marcante.

Caverna Kiogo Brado

Com cerca de 270 metros de extensão, a Kiogo Brado tem salões altos — que chegam a 20 metros de altura —, túneis bem ventilados e frestas por onde a luz natural entra aos poucos, criando aquele jogo de luz e sombra que parece cena de filme.

O nome, de origem indígena, significa ninho das aves — e a sensação, ao caminhar pelo interior da caverna, é exatamente essa: de estar num refúgio escondido, moldado com paciência pela água e pelo tempo.

Há quem diga que sua grandiosidade lembre o interior das grandes catedrais góticas.

A trilha até ela é leve e curta, ideal para um dia mais sossegado. Não tem subidas íngremes nem trechos difíceis, o que torna o percurso uma boa escolha para quem viaja com crianças ou quer evitar caminhadas muito longas.

Dá para atravessar a caverna de um lado para outro, mas é preciso ficar atento aos passos e não tocar tem nada: as formações são delicadas e tudo é ambientalmente protegido. 

No fim da caverna, a gente vê um amontoado de pedras enormes e quando a gente olha para o alto dá para ver de onde elas se desprenderam: são pedras do tamanho de um carro que caíram do teto e, nessa hora, dá uma certa aflição, mas não há motivo real para se preocupar — ou será que sim?

Caverna Pobe Jari

Com cerca de 500 metros de extensão e um formato curioso em Y, a Caverna Pobe Jari tem duas entradas que deixam a luz passar aos poucos, criando um cenário bonito e misterioso.

O nome, de origem indígena, significa onde a água brota — e esse detalhe faz sentido, já que há um lençol freático no interior da caverna que mantém tudo sempre úmido.

Durante a caminhada por dentro da caverna, os guias vão mostrando marcas nas paredes que indicam a presença de fósseis marinhos, lembrança de quando essa região era coberta por um mar raso.

Um dos pontos mais curiosos é uma formação rochosa apelidada de Pedra do Rei Leão, que lembra a cena do filme. É um lugar que mistura geologia, história e imaginação — tudo no mesmo ambiente.

Cachoeira do Relógio

A Cachoeira do Relógio é uma das paradas mais refrescantes do circuito: é comum incluir um banho na cachoeira no fim do roteiro das trilhas das cavernas da Chapada dos Guimarães, como um momento para relaxar depois de horas de caminhada.

Com queda pequena e águas claras, a cachoeira forma um poço raso e tranquilo, ótimo para se deitar nas pedras ou ficar só curtindo a correnteza leve.

É aquele tipo de parada que recarrega as energias, principalmente em dias quentes, quando a temperatura passa fácil dos 30 graus. Como está em uma área sombreada, cercada por árvores, o clima é agradável mesmo no início da tarde.

O acesso até a Cachoeira do Relógio é bem simples, sem grandes obstáculos.

Não tem estrutura no local — nada de banheiro ou lanchonete —, então é bom levar toalha, roupa de banho e o que for necessário para se secar e seguir o passeio com conforto.

É uma cachoeira pequena, mas charmosa, com aquela cara de lugar escondido no meio do Cerrado.

Quanto custa

O Circuito das Cavernas na Chapada dos Guimarães tem valores que variam conforme você organiza o passeio.

A entrada na Fazenda Água Fria, onde estão as cavernas, custa entre R$ 120 e R$ 265 por pessoa, dependendo do que está incluído — alguns pacotes oferecem almoço típico e transporte interno que reduz boa parte da caminhada.

A contratação de um guia credenciado é obrigatória e o valor gira em torno de R$ 300 por dia, podendo ser dividido entre os participantes do grupo. Eu contratei o serviço desta guia.

Já quem prefere praticidade pode contratar um pacote completo com agência, que geralmente inclui transporte a partir da cidade de Chapada dos Guimarães, guia, entrada, almoço e, em alguns casos, seguro.

Esse tipo de serviço costuma custar a partir de R$ 580 por pessoa.

Os valores podem variar conforme a temporada, o tamanho do grupo e os serviços contratados. Por isso, vale a pena entrar em contato com antecedência para confirmar as condições e garantir a reserva do passeio.

Quando ir

A melhor época para visitar a Chapada dos Guimarães é entre maio e setembro, quando chove pouco e as trilhas estão mais seguras. Nesse período, o clima é seco, os rios estão mais claros e os acessos aos atrativos naturais ficam mais tranquilos.

→ Quando ir à Chapada dos Guimarães

De outubro a abril, as chuvas são mais frequentes, principalmente entre dezembro e fevereiro. Nessa época, algumas trilhas podem ficar escorregadias ou até interditadas, o que atrapalha o roteiro. Por isso, o ideal é planejar a viagem para os meses secos.

Como chegar

A Chapada dos Guimarães fica a cerca de 65 quilômetros de Cuiabá e o acesso é feito pela rodovia MT-251, que tem bom asfalto e paisagens lindíssimas ao longo do caminho.

A melhor forma de chegar é desembarcando no Aeroporto Internacional Marechal Rondon (CGB), em Várzea Grande, e de lá seguir de carro — alugado, táxi ou aplicativo. A viagem dura cerca de uma hora e é bem tranquila, mas exige atenção em períodos de chuva por causa de trechos sinuosos, como o Portão do Inferno.

→ Como chegar à Chapada dos Guimarães

Também é possível ir de ônibus a partir da rodoviária de Cuiabá, com saídas diárias e duração média de 1h30 — a viagem é feita pelo Consórcio Metropolitano de Transportes (CMT).

Essa é uma alternativa mais econômica, embora ofereça menos flexibilidade para explorar a região.

Para quem estiver com tempo apertado ou deseja conhecer atrações mais afastadas, alugar um carro é a melhor escolha. Além disso, vale ficar atento à condição da estrada e, em caso de interdições, utilizar a rota alternativa por Campo Verde.

Perguntas frequentes

Qual é a caverna mais conhecida da Chapada dos Guimarães?
A Caverna Aroe Jari é a mais conhecida da Chapada dos Guimarães, tanto por seu tamanho — com cerca de 1.550 metros de extensão — quanto pela beleza do trajeto até ela. É considerada a maior caverna de arenito do Brasil e encanta os visitantes com sua atmosfera silenciosa e misteriosa.

É necessário contratar guia para visitar as cavernas da Chapada dos Guimarães?
Sim, todas as visitas às cavernas da Chapada dos Guimarães exigem o acompanhamento de um guia credenciado. Isso é fundamental tanto por segurança quanto para garantir a preservação ambiental, já que muitas dessas áreas estão dentro de propriedades particulares com acesso controlado.

Quanto tempo dura o passeio completo pelas cavernas?
O passeio que inclui as cavernas Aroe Jari, Lagoa Azul e Kiogo Brado costuma durar entre seis e sete horas. Esse tempo inclui as trilhas a pé, as paradas para contemplação e, em alguns roteiros, até o almoço e o banho em uma cachoeira no final do percurso.

Qual a melhor época para visitar as cavernas da Chapada dos Guimarães?
A melhor época para visitar as cavernas da Chapada dos Guimarães é entre os meses de maio e setembro. Nesse período, as chuvas são raras, o clima está mais seco e as trilhas ficam em melhores condições, garantindo um passeio mais seguro e agradável.

É possível visitar a Gruta da Lagoa Azul em qualquer horário?
A Gruta da Lagoa Azul pode ser visitada durante todo o dia, mas o melhor momento é entre 13h30 e 14h30, quando a luz do sol entra pelo teto da caverna e ilumina a água com um tom azul-turquesa intenso. Esse fenômeno natural é um dos pontos altos da visita.

A trilha até a Caverna Aroe Jari é difícil?
A trilha até a Caverna Aroe Jari tem cerca de oito quilômetros no total, em terreno plano com trechos de sol forte e outros com sombra. Embora não seja considerada difícil, exige preparo físico leve e disposição, já que o passeio dura várias horas e envolve caminhada sob o calor do Cerrado.

Crianças podem fazer o passeio pelas cavernas da Chapada?
Crianças podem participar do passeio, especialmente se acompanhadas por adultos e com o apoio do transporte interno da fazenda, que reduz o esforço da trilha. A visita à Caverna Kiogo Brado, por exemplo, é mais curta e tranquila, sendo ideal para famílias com crianças.

É permitido tomar banho nas cavernas da Chapada dos Guimarães?
Não é permitido tomar banho dentro das cavernas, principalmente na Gruta da Lagoa Azul, por questões de segurança e conservação. Porém, ao final do passeio, há uma parada em uma cachoeira dentro da Fazenda Água Fria, onde o banho é liberado e muito bem-vindo.

Qual o valor médio para visitar as cavernas da Chapada dos Guimarães?
Os valores variam conforme o pacote e a época do ano. A taxa de entrada pode ir de 120 a 265 reais por pessoa, e o guia, que é obrigatório, custa em torno de 300 reais por dia — podendo ser dividido entre os participantes. Pacotes completos com transporte e almoço começam em cerca de 580 reais.

As cavernas da Chapada dos Guimarães ficam dentro do Parque Nacional?
As principais cavernas da Chapada dos Guimarães, como Aroe Jari, Lagoa Azul e Kiogo Brado, ficam fora dos limites do Parque Nacional e estão em propriedade privada. O acesso é controlado, e por isso é necessário agendar com antecedência e estar sempre acompanhado por um guia autorizado.