Circuito das Cachoeiras na Chapada dos Guimarães

Se tem um passeio que todo mundo precisa encaixar no roteiro pela Chapada dos Guimarães, é o Circuito das Cachoeiras.

A trilha é um verdadeiro mergulho no coração do cerrado, com paisagens de tirar o fôlego, banhos revigorantes e um contato direto com a natureza bruta, preservada e encantadora do Parque Nacional.

→ Onde ficar na Chapada dos Guimarães

O circuito é um dos atrativos mais completos da região e, sinceramente, não tem como sair decepcionado depois de um dia inteiro explorando esse caminho das águas.

A cada passo, uma surpresa. A cada parada, uma recompensa. Prepare o tênis, leve a garrafa de água e se prepare para uma das melhores experiências da Chapada.

Circuito das Cachoeiras na Chapada dos Guimarães

O Circuito das Cachoeiras fica dentro do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, que é gerido pelo ICMBio.

Desde 2021, não é mais obrigatório fazer a trilha com guia, mas eu recomendo muito contratar um condutor autorizado. Os guias conhecem a fundo o parque e deixam o passeio muito mais interessante e seguro.

O acesso é gratuito, mas há limite diário de 150 visitantes — por isso, o agendamento precisa ser feito com antecedência pelo site do ICMBio.

A entrada é permitida apenas entre 8h30 e 12h, e todos devem sair até as 16h.

Importante lembrar que a Cachoeira Véu de Noiva não faz parte do circuito. Ela tem um acesso separado e pode ser visitada de forma autônoma.

O mirante fica logo na entrada principal do parque e é uma parada obrigatória em outro momento do roteiro.

A trilha é circular, tem entre 6 e 8 quilômetros, dependendo das voltas que você der, e o nível é de leve a moderado.

O tempo total do passeio gira em torno de quatro a seis horas, considerando as paradas para banho e contemplação.

As cachoeiras ficam, em média, a um quilômetro uma da outra, o que dá um respiro bom entre uma caminhada e outra.

A gente está andando e, de repente, ouve o som da água. Quando percebe, já está na beira de uma nova queda pronta para nos receber.

O caminho tem partes de mata fechada, outras de Cerrado aberto, algumas subidas e descidas com degraus naturais, mas nada que um viajante preparado não tire de letra.

Existem duas formas de percorrer o circuito: começando pela Casa de Pedra ou fazendo o caminho inverso.

Eu segui a dica da guia que nos acompanhava e começamos pela Casa de Pedra, deixando a Cachoeira das Andorinhas para o final. Foi a melhor escolha possível!

A trilha vai ficando mais bonita conforme o percurso avança e a última cachoeira é realmente a mais impactante.

Deixar o ponto alto para o final dá um gosto ainda mais especial à experiência.

Casa de Pedra

A Casa de Pedra é a primeira parada do circuito — e já começa entregando uma das paisagens mais instigantes da trilha.

Ela é uma gruta de arenito esculpida com paciência pelo vento, pela chuva e pelo passar do tempo.

Quando a gente chega, o cenário impressiona de imediato: paredes curvadas, teto baixo em alguns trechos e o som abafado dos passos ecoando suavemente pelo chão de areia úmida.

Segundo relatos, esse abrigo natural já serviu de refúgio para povos indígenas, tropeiros, andarilhos e até perseguidos políticos durante o Regime Militar, na década de 1960.

Hoje, o ambiente silencioso e sombrio é lar de pequenos animais silvestres — especialmente roedores e morcegos.

E acredite: antes mesmo de ver qualquer bicho, a gente sente o cheiro. O odor forte, típico de tocas e ninhos escondidos, é um sinal claro de que o lugar continua sendo abrigo para a fauna local.

Então, fique atento aos cheiros e sons do ambiente. Muitas vezes, é isso que revela a presença de animais por perto.

Nessa hora, o melhor é caminhar devagar e em silêncio — não para evitar sustos, mas para tentar observar a natureza em ação.

Lá dentro, a caverna é fresca e úmida.

Os musgos nas paredes indicam que a água continua agindo, moldando o espaço pouco a pouco.

A luz entra em feixes pelas frestas da rocha, criando um efeito quase místico no interior da gruta. É um daqueles lugares que pedem uma pausa — para respirar fundo, escutar o silêncio e sentir o peso da história que ecoa nas pedras.

Cachoeira Sete de Setembro

Depois de cerca de dois quilômetros de caminhada, em um trecho tranquilo da trilha, a Cachoeira Sete de Setembro surge como uma recompensa generosa.

Ela não impressiona pela altura — são pouco mais de dois metros de queda —, mas conquista pelo cenário acolhedor e pela tranquilidade do ambiente.

A água desce com suavidade, formando uma pequena piscina de bordas rasas e correnteza leve.

É o lugar ideal para o primeiro mergulho do dia.

A temperatura da água é refrescante, mas sem aquele choque gelado que costuma assustar.

Logo abaixo da queda, há um banco de pedras onde dá para sentar e deixar a força da água fazer o trabalho: uma massagem natural, rústica e deliciosa.

Esse é um daqueles pontos que pedem calma.

A vegetação ao redor emoldura o poço e deixa tudo mais bonito. Não tem barulho, não tem pressa.

A Sete de Setembro já dá o tom do que é o circuito: contato direto com a natureza, silêncio que relaxa e água que revigora.

Cachoeira Sonrisal

Poucos passos depois da primeira parada, seguindo o curso tranquilo do rio, surge a Cachoeira Sonrisal — e o nome já entrega o espetáculo.

A queda não é alta, mas a água desce com tanta vibração que forma uma espuma branca contínua, parecendo um grande comprimido efervescente se dissolvendo no poço.

O barulho da água é suave, quase hipnótico, e o ambiente é daqueles que convidam à pausa.

Sentar nas pedras e sentir as bolhas estourando ao redor do corpo é uma das sensações mais gostosas do circuito.

A água pulsa, massageia, refresca — tudo ao mesmo tempo.

Ela pode até passar despercebida para quem procura uma grande queda d’água, mas é exatamente essa delicadeza que faz da Sonrisal uma experiência muito legal.

Cachoeira do Pulo

Pouco depois da Sonrisal, a trilha encontra um novo espetáculo de água e pedra: a Cachoeira do Pulo, que despenca por cerca de três metros num poço profundo e cercado por matas nativas.

Ela é alimentada pelas águas do Rio Sete de Setembro, o mesmo que forma várias das quedas do circuito, e mantém um volume constante durante boa parte do ano — mesmo na estação seca.

O nome vem da antiga prática de pular das pedras diretamente no poço cristalino.

Durante muito tempo, esse era um dos pontos mais procurados para saltos, mas os pulos foram proibidos por motivos de segurança, já que o fundo da piscina natural tem rochas irregulares e o nível da água pode variar bastante com as chuvas.

Hoje, mesmo sem os saltos, ela continua sendo uma das paradas mais bonitas e intensas da trilha.

A força da água impressiona, e o poço, profundo e gelado, é perfeito para quem quer um banho revigorante no meio da caminhada.

A vegetação ao redor é típica do Cerrado de galeria, com árvores de médio porte, sombra agradável e muitos sons da mata, como o canto dos sabiás e o bater de asas de andorinhas que sobrevoam o paredão.

O solo úmido e as pedras arredondadas formam um cenário rústico e acolhedor, daqueles que convidam ao silêncio.

Cachoeira do Degrau

Seguindo pela trilha, o som da água correndo entre as pedras vai nos guiando até a Cachoeira do Degrau, uma queda pequena, mas com um charme todo especial.

Ela também é formada pelo Rio Sete de Setembro, que vai desenhando seu caminho pelo Cerrado com paciência e precisão.

O nome faz todo sentido: a queda se divide em pequenos patamares, como se a água estivesse descendo uma escadinha esculpida na rocha.

Não é uma cachoeira de impacto visual, mas conquista pela leveza e pela sensação de aconchego.

A piscina natural que se forma logo abaixo é uma das mais fundas do circuito — tem cerca de dois metros —, o que torna essa parada perfeita para quem gosta de nadar com mais liberdade.

A água é fria e cristalina, com fundo escuro, típico das formações areníticas da região.

Em dias de céu limpo, quando o sol está alto, a luz reflete na superfície da água criando um brilho dourado sobre o poço. É uma cena simples, mas hipnotizante.

A vegetação em volta é mais aberta, o que deixa esse trecho da trilha mais iluminado e ventilado.

Quem quiser uma pausa mais longa, esse é um ótimo lugar para isso. Dá para relaxar na borda do poço, se esticar nas pedras quentes e deixar o tempo passar devagar, ao som das folhas e da água escorrendo degrau por degrau.

Cachoeira da Prainha

Entre uma sequência de quedas mais intensas, a Cachoeira da Prainha surge como um verdadeiro refúgio de tranquilidade no meio do circuito.

Ela é a mais rasa do trajeto e tem uma queda d’água tão discreta que quase parece um convite ao sossego. A água escorre suavemente pelas pedras, sem pressa, formando uma piscina larga e serena.

Seu grande diferencial é o solo arenoso nas margens, que cria uma espécie de praia de água doce — daí o nome.

É o tipo de lugar onde dá vontade de largar a mochila, estender a canga e passar um bom tempo só ouvindo os sons da natureza.

O ambiente é amplo, com espaço para caminhar dentro d’água, sentar nas pedras e até brincar com os pés na areia.

Essa é a parada perfeita para quem está viajando com crianças ou simplesmente quer um banho mais calmo.

A profundidade varia pouco, o que dá uma sensação maior de segurança. Além disso, a vegetação mais aberta deixa o sol bater direto na água, o que ajuda a esquentar o corpo entre um mergulho e outro.

É uma das paradas mais acolhedoras do circuito, ideal para esticar o descanso, fazer um lanche leve e renovar as energias antes de seguir para os últimos trechos da trilha.

A Prainha pode até ser pequena na altura da queda, mas é enorme no conforto que proporciona.

Cachoeira das Andorinhas

A Cachoeira das Andorinhas é a última parada do circuito — e, sem exagero, o grande clímax da trilha.

Com cerca de 30 metros de altura, a queda despenca com força de um paredão de arenito avermelhado, cercado por vegetação densa e pelas revoadas das andorinhas que dão nome ao lugar.

O som da água ecoa pelas rochas e o poço profundo convida para um mergulho mais longo, mais contemplativo.

É a última chance de banho antes do fim do percurso, e talvez o melhor.

A sensação de nadar nesse cenário é intensa — a gente se sente pequeno diante da força da natureza, mas, ao mesmo tempo, parte dela.

A luz do sol bate no paredão e revela os tons dourados da pedra, enquanto a névoa da queda dança no ar.

Mas essa cachoeira vai além da beleza natural.

Nos anos 1980, ela foi palco de um protesto histórico: moradores, ambientalistas e visitantes se uniram, deram as mãos e formaram um círculo ao redor da área ameaçada pelo desmatamento.

A mobilização chamou a atenção do país e foi uma das sementes para a criação do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, alguns anos depois.

Encerrar o circuito nessa cachoeira é simbólico.

A gente não termina apenas uma trilha, a gente encerra uma jornada por paisagens, histórias e lutas de preservação.

Dá vontade de ficar mais um pouco, mesmo que só para ouvir o som da água e agradecer pelo privilégio de estar ali.

É aquele tipo de lugar que mexe por dentro — e que fica com a gente por muito tempo depois que a trilha termina.

Cachoeira Independência

Depois do mergulho intenso nas águas da Cachoeira das Andorinhas, a trilha ainda guarda uma última surpresa: o mirante da Cachoeira Independência, também conhecida por alguns como Cachoeira dos Malucos.

Ela tem cerca de 50 metros de altura e despenca por um paredão rochoso que se revela entre as árvores, em um dos pontos mais silenciosos e introspectivos do circuito.

Atualmente, o acesso ao poço está fechado — a visita é feita apenas por cima, a partir de um ponto seguro de contemplação.

A restrição existe para proteger o ambiente e garantir a segurança dos visitantes, já que o terreno é íngreme e sem estrutura para descida.

Mesmo sem banho, a visão do alto impressiona.

A queda é longa, vertical e poderosa. Dependendo da época do ano e do volume do rio, a força da água varia, mas o impacto visual é sempre marcante.

A vegetação ao redor molda a cena com tons de verde intenso e sombras que se projetam sobre a parede de arenito.

É uma despedida mais contemplativa, quase silenciosa, como se a trilha quisesse nos dar um tempo para absorver tudo o que foi vivido.

Quanto custa

A boa notícia é que o acesso ao Circuito das Cachoeiras é gratuito.

Você não vai pagar nada para entrar na trilha e aproveitar todas as cachoeiras incríveis que fazem parte desse roteiro.

Mas tem um detalhe importante: como o parque tem controle de visitação para preservar a área, é preciso fazer um agendamento antecipado, que também é gratuito.

Esse agendamento serve para garantir que o número de visitantes por dia — limitado a 150 pessoas — não ultrapasse a capacidade ideal.

Por isso, se você pretende ir nos fins de semana, feriados ou na alta temporada, vale se programar com antecedência para não correr o risco de ficar de fora.

Agora, mesmo não sendo obrigatório, muita gente opta por fazer o circuito com guia, e eu sou um desses.

Ir com um condutor credenciado faz toda a diferença. Os guias conhecem cada detalhe da trilha, te mostram coisas que você nem notaria sozinho e deixam o passeio muito mais seguro e interessante.

Os valores cobrados pelos guias variam bastante, mas em média ficam entre R$ 150 e R$ 250 por pessoa, dependendo do que está incluso — eu contratei o serviço desta guia.

Algumas agências oferecem transporte a partir do Centro de Chapada dos Guimarães, lanche de trilha, seguro e até bastão de caminhada. Vale pesquisar bem e escolher uma opção que combine com o seu estilo de viagem.

Ah, e se estiver em grupo, é possível negociar um valor fechado — o que pode sair mais em conta.

Como chegar

A Chapada dos Guimarães fica a 65 quilômetros de Cuiabá e o melhor jeito de chegar é de carro, pela rodovia MT-251.

A estrada é asfaltada, cheia de mirantes lindos e leva cerca de uma hora. Alugar um carro em Cuiabá nos dá liberdade para explorar tudo com calma.

Também dá para viajar de ônibus, com saídas diárias da rodoviária de Cuiabá. A viagem dura cerca de 1h30 e é ideal para quem vai contratar passeios com agências locais.

Outra opção é usar carro de aplicativos, mas o sinal de celular na Chapada falha bastante e é difícil conseguir carro na volta — então só use se tiver como combinar o retorno com antecedência.

Para acessar o Circuito das Cachoeiras da Chapada dos Guimarães, é preciso ir até a entrada principal do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, a aproximadamente 12 quilômetros do Centro da cidade, ao longo da rodovia MT-251.

Ao chegar, estacione seu veículo no local designado e se dirija à portaria do parque. No Centro de Visitantes, há estrutura com banheiros e restaurante. É nesse ponto que começa a trilha.

Quando ir

A melhor época para visitar a Chapada dos Guimarães é entre maio e setembro, quando chove pouco e as trilhas estão mais seguras. Nesse período, o clima é seco, os rios estão mais claros e os acessos aos atrativos naturais ficam mais tranquilos.

→ Quando ir à Chapada dos Guimarães

De outubro a abril, as chuvas são mais frequentes, principalmente entre dezembro e fevereiro. Nessa época, algumas trilhas podem ficar escorregadias ou até interditadas, o que atrapalha o roteiro. Por isso, o ideal é planejar a viagem para os meses secos.

Perguntas frequentes

Como chegar ao Circuito das Cachoeiras na Chapada dos Guimarães?
O acesso ao Circuito das Cachoeiras na Chapada dos Guimarães começa na portaria principal do Parque Nacional, a cerca de 12 quilômetros do Centro da cidade. O trajeto é feito pela MT-251, com estrada asfaltada e bem sinalizada.

Precisa pagar para fazer o Circuito das Cachoeiras?
O Circuito das Cachoeiras na Chapada dos Guimarães é gratuito, mas o acesso é controlado. É obrigatório fazer agendamento prévio pelo sistema do ICMBio, pois o número de visitantes por dia é limitado.

Precisa de guia para fazer o Circuito das Cachoeiras?
Não é obrigatório contratar guia para o Circuito das Cachoeiras na Chapada dos Guimarães, mas é altamente recomendado. Guias credenciados enriquecem a experiência com informações sobre a fauna, flora e geologia local.

Qual o horário de funcionamento do Circuito das Cachoeiras?
O horário de acesso ao Circuito das Cachoeiras na Chapada dos Guimarães é das 8h30 às 12h. Todos os visitantes devem deixar o parque até as 16h, independentemente do horário de entrada.

Quantos quilômetros tem o Circuito das Cachoeiras?
O Circuito das Cachoeiras na Chapada dos Guimarães tem entre 6 e 8 quilômetros de trilha circular. A variação depende das voltas que o visitante faz entre os pontos de banho e contemplação.

Qual é o nível de dificuldade do Circuito das Cachoeiras?
O nível de dificuldade do Circuito das Cachoeiras é leve a moderado, com subidas suaves e degraus naturais. É ideal para quem tem disposição para caminhar, mas não exige preparo físico avançado.

Quanto tempo leva para fazer o Circuito das Cachoeiras?
O tempo médio para percorrer o Circuito das Cachoeiras na Chapada dos Guimarães é de quatro a seis horas. Esse tempo considera as paradas para banho, descanso e contemplação nas sete cachoeiras do percurso.

Pode entrar com comida no Circuito das Cachoeiras?
É permitido levar lanches leves para o Circuito das Cachoeiras na Chapada dos Guimarães, mas é proibido deixar lixo na trilha. A orientação é transportar alimentos de forma adequada e recolher todos os resíduos.

Pode tomar banho em todas as cachoeiras do circuito?
No Circuito das Cachoeiras na Chapada dos Guimarães, a maioria das quedas é liberada para banho, com exceção da Cachoeira da Independência. Algumas cachoeiras são mais rasas e outras exigem atenção por serem mais fundas.

A Cachoeira Véu de Noiva faz parte do Circuito das Cachoeiras?
A Cachoeira Véu de Noiva não faz parte do Circuito das Cachoeiras na Chapada dos Guimarães. Ela tem acesso próprio, fica próxima à portaria principal do parque e pode ser visitada separadamente, por conta própria.