O emocionante bairro judeu de Viena e outras áreas de memória do holocausto

Atualizado em 2 de novembro de 2022 – 7 min de leitura

O bairro judeu de Viena

Poucas cidades europeias são tão conectadas com a história judaica quanto Viena. Até 1938, a cidade tinha uma crescente comunidade de judeus: eram várias sinagogas e casas de oração espalhadas, especialmente, nos arredores do Leopoldstadt o tradicional bairro judeu de Viena.

Até hoje, as barracas de comida kosher do Karmelitermarkt são o centro da agitada cena artística e gastronômica do tradicional bairro judeu de Viena.

Neste artigo, eu vou explicar sobre:

Ideologia nazista

Os princípios que nortearam a ideologia nazista foram o ódio aos judeus, a negação da democracia e do comunismo, e a convicção da superioridade da raça alemã sobre qualquer outro povo.

Com a ideia de criar uma sociedade pura, livre de outras etnias, os nazistas perseguiram a mataram milhões de judeus, mas não apenas. Eslavos, russos, ciganos, homossexuais e tantos outros grupos foram capturados, escravizados e assassinados nas câmaras de gás, ou simplesmente fuzilados.

Liderado por Adolf Hitler, o Partido Nazista tomou o poder na Alemanha em 1933 e começou a expandir sua política de doutrinação da população por meio da propaganda, que mostrava uma realidade disfarçada que passou a ocupar os veículos de comunicação nacionais.

Isso criou, em parte dos alemães, uma forte simpatia com os ideais defendidos pelos nazistas. Em um de seus famosos pronunciamentos, durante o congresso do Partido Nazista de 1937, Adolf Hitler defendeu o seu modelo nada convencional de formação.

Estamos educando uma juventude diante da qual o mundo inteiro temerá. Eu quero uma juventude que seja capaz de realizar violações, e que seja forte, poderosa e cruel“, declarou o ditador.

Em busca de poder, a Alemanha nazista matou, invadiu territórios e levou a Europa e países como Estados Unidos e Japão a se envolverem na maior guerra de todos os tempos. Uma guerra que não apenas mudou as relações políticas, mas que, principalmente, marcou para sempre a história da humanidade.

Invasão de Viena

As coisas começaram a mudar, em Viena, com a tomada da Áustria pelos nazistas alemães em 1938.

A partir desse período, todas as propriedades dos judeus foram confiscadas e, temendo o pior, muitos fugiram da cidade, entre eles Sigmund Freud.

Os 65.000 que decidiram permanecer foram enviados aos campos de concentração e, lá, assassinados. Um símbolo disso são as placas colocadas nas calçadas onde as famílias de judeus deportados moravam.

Conheça o bairro judeu de Viena

Essas e muitas outras histórias de pavor e de superação são contadas em museus, memoriais, monumentos e nas sinagogas de Viena. Então, monte o seu roteiro e vá explorar o bairro judeu de Viena.

No mapa acima, você pode conferir a localização de cada um dos lugares que vou indicar a partir de agora.

Museu Dorotheergasse

Os Jüdisches Museum Wien são a chave para a gente compreender melhor a cultura judaica, com seus costumes e pilares. Eles são dois: o Museu Dorotheergasse e o Judenplatz.

Com uma das mais importantes coleções de artefatos judeus do mundo, ele mostra a vida cotidiana e a religião judaica por meio de documentos, fotos, vídeos e objetos. Além da exibição permanente, o museu recebe exposições temporárias.

O bairro judeu de Viena

Eu visitei uma mostra chamada Estrelas de Davi, que destacava artistas de origem judaica que alcançaram fama internacional.

O bairro judeu de Viena

A visita pode ser feita de domingo a quinta, das 10h às 18h, e na sexta de 10h às 17h. A entrada custa EUR 12 e vale para o Museu Dorotheergassee para o Museu Judenplatz.

Museu Judenplatz

Em 1995, arqueólogos encontraram as paredes de uma das maiores sinagogas medievais da Europa: ela estava exatamente debaixo da Praça dos Judeus – a Judenplatz, em alemão.

As escavações, que podem ser visitadas, mostram um pouco de como era a cidade. Isso é feito por meio de vários objetos históricos e animações, que oferecem uma visão fascinante sobre a vida judaica na Viena medieval.

O museu abre de domingo a quinta-feira, das 10 às 18h. Nas sextas-feiras, o horário é de 10h às 17h. A entrada custa EUR 12 e vale, também, para o Museu Dorotheergassee.

Memorial do Holocausto

Inaugurado em 2000, o Memorial do Holocausto de Viena lembra os 65.000 judeus austríacos que foram assassinados pelos nazistas.

Desenhado por Rachel Whiteread, ele tem a forma de uma biblioteca ao avesso, e na calçada que o cerca, a gente lê o nome dos campos de concentração para onde os judeus austríacos foram deportados.

O bairro judeu de Viena

Centro de Documentação da Resistência

Esse pequeno museu – conhecido pela sigla DÖW – tem uma exposição permanente, inaugurada em 2005, que mostra desde o início da história do nazismo até a resistência e a perseguição durante o Holocausto.

O bairro judeu de Viena

A coleção, de fato, não é grande, mas impressiona.

Documentos, fotos e objetos nos transportam para aquele tempo de dor e sofrimento, quando tudo parecia se resumir à morte. Os itens que mais me impressionaram foram a lista de deportados e a estrela amarela que os judeus eram obrigados a usar em uma parte visível de suas roupas.

O museu abre de quarta a sexta-feira, das 10h às 17h. Nos sábados e feriados, ele funciona de 14h às 19h.. Visitas guiadas acontecem aos sábados, às 11h e às 14h. A entrada é gratuita.

Casa Sigmund Freud

Sigmund Freud, o pai da psicanálise, conseguiu emigrar para a Inglaterra em 1938, onde  passou o último ano de sua vida: gravemente doente com câncer, ele tirou a própria vida com uma overdose de morfina, assistido por um médico de quem se tornou amigo. Freud tinha 83 anos.

Em seu antigo endereço original, Berggasse 19, no nono distrito de Viena, funciona desde a década de 1970  a Casa Sigmund Freud.

Foto: Bwag

Sigmund Freud viveu e trabalhou neste clássico cortiço vienense construído no auge do Gründerzeit por quase meio século, de 1891 a 1938. A família mudou-se constantemente entre diferentes andares durante esses anos.

Reformado recentemente, o museu está mais moderno, mas preservou os espaços onde Freud escreveu sei célebres livros e onde atendia seus paciente.

A entrada custa EUR 14 e as visitas podem ser feitas de quarta a domingo, das 10h às 18h.

Memorial Contra a Guerra e o Fascismo

Esse monumento fica em frente ao Museu Albertina, na Albertinaplatz, e, como o nome diz, é um memorial à paz e à igualdade de etnias.

O monumento tem várias partes independentes, como a porta da violência, a pedra da República e o judeu que limpa as ruas, que representa os judeus que foram obrigados a limpar as ruas de Viena, após a invasão nazista, em março de 1938.

O bairro judeu de Viena

Naquela ocasião, médicos, professores, acadêmicos e outros cidadãos famosos da cidade foram humilhados e submetidos a serviços degradantes enquanto cidadãos vienenses zombavam deles.

Ao explicar sua ideia, o artista Alfred Hrdlicka disse que as diferentes partes resumem certos aspectos do fascismo na Áustria.

Cemitério Central

No principal cemitério de Viena, há uma grande área com túmulos e lápides judaicas do período que antecede a invasão nazista, em 1938.

O acesso é feito pelo portão A, e a entrada é gratuita.

Sinagoga de Viena

Esta é a mais importante sinagoga de Viena, já que ela foi a única que resistiu à Noite dos Cristais, uma série de invasões nazistas que resultaram na destruição de templos, lojas, casas e na morte de dezenas de judeus, em novembro de 1938.

Olhando pelo lado de fora, não podemos imaginar o que vemos lá dentro: para entrar no templo é preciso obedecer aos horários e às regras determinadas.

A Sinagoga de Viena abre para passeios guiados de segunda a quinta-feira, às 11h30 e às 14h. A entrada é gratuita, mas é preciso apresentar o passaporte.

Karmelitermarkt

O Karmelitermarkt é um dos mercados mais antigos ainda existentes em Viena.

Ele tem 80 bancas e recebe uma média de 7.500 visitantes por semana, a maioria de moradores da cidade, que fazem da visita ao mercado um verdadeiro ritual há séculos.

O bairro judeu de Viena

Foto: Hubertl

A oferta de produtos é grande: além das especialidades como queijos e carne de cavalo, você pode comprar fruta, legumes e várias outras iguarias locais.

Os restaurantes e bares abrem de segunda a sábado, das 6h às 23h. Nos domingos e feriados, das 9h às 19h. É o melhor lugar de Viena para experimentar pratos típicos da culinária judaica.

Como conhecer bairro judeu de Viena

Quando ir a Viena

O inverno em Viena é longo e muito frio, principalmente por causa da neve e do vento que sopra sobre o Rio Danúbio.

Os meses mais frios vão de dezembro a fevereiro, e a época chuvosa é entre maio e julho, no fim da primavera e no começo do verão.

O verão austríaco é ameno, com temperaturas máximas em torno de 25 graus. Nessa estação, os dias são mais longos e a movimentação de turista é maior.

Como chegar a Viena

O Aeroporto Internacional de Viena (VIE) fica na cidade de Schwechat, a 18 quilômetros da capital. As principais empresas austríacas que operam neste terminal são Austrian Airlines e a Tyrolean Airways.

Viena está conectada a todas as grandes cidades europeias por voos diretos e, além de servir à cidade de Viena e o resto da Áustria, o aeroporto atende, também, a capital da Eslováquia, Bratislava, já que a distâncias entre elas é de apenas 80 quilômetros.

De ônibus, uma empresa muito conhecida nessa região é a Flix Bus, mas há ainda a Euro Lines, a Westbus e a Blaguss.

Outra opção é viajar de trem. Você pode consultar as tarifas no site da Máv-Start. Partindo de Budapeste, na Hungria, por exemplo, a viagem dura cerca de três horas.

Onde ficar em Viena

Viena tem 23 distritos. O Centro Histórico é o Distrito 1 e os demais estão ao redor dele. Como você pode imaginar, ele é a parte mais turística e ficar nesta região acaba sendo vantajoso porque dá para fazer muitas coisas a pé em pouco tempo de caminhada.

Quem escolhe ficar noCentro Histórico – chamado Innere Stadt, ou Distrito 1 – vai estar perto dos principais museus e das ruas mais badaladas. Exatamente por isso, ficar nesta região é mais caro.

→ As melhores áreas para ficar em Viena

Leopoldstadt, o bairro judeu de Viena, é o Distrito 2 da cidade, fica bem pertinho do Centro Histórico, do outro lado do rio Danúbio. A região tem menos turistas, hotéis com preços mais em conta e diversos parques, bares e restaurantes muito bons.

Os Distritos 6 e 7, Marihilf e Neubau, são ideais para quem curte cultura, um ambiente mais descolado e não quer gastar muito. Neles, fica o chamado quarteirão dos museus e também dois dos mercados mais importantes da capital, um de frutas, legumes e queijos e outro de antiguidades. Além disso, nesta região estão diversos bares, cafés e teatros, atendendo bem o público mais jovem.

Nem todos os distritos são interessantes para ficar em Viena. Eu realmente indico que você fique o máximo possível perto do Distrito 1. Outras boas opções são os distritos 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9  e 13. Cada um tem sua característica e você vai descobrir isso da melhor forma.

Uma informação muito importante é que os bairros são mais conhecidos pelos números do que pelos nomes.

Agora, dê uma olhada no mapa com a localização dos hotéis, hostels e apartamentos mais legais de Viena. Em seguida, eu vou explicar um pouco sobre cada um deles.

Sobre o Autor

<a href="https://www.penaestrada.blog.br/author/altier/" target="_self">Altier Moulin</a>

Altier Moulin

Sou jornalista, capixaba e apaixonado pelo universo viajante. Sempre gostei de contar histórias e de extrair do cotidiano um valor que muitos não percebem. Quando criança, sonhava em viajar pelo mundo e, já adulto, isso virou um propósito de vida.

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