Antes de chegar aqui, eu pouco tinha ouvido falar desta pequena cidade do litoral de Santa Catarina. Laguna tem, aproximadamente, 45 mil habitantes, mas sua história e importância para nosso país são imensas. Eu aposto que você nem faz ideia disso.
Laguna foi o ponto final do Tratado de Tordesilhas. O Tratado é aquela linha imaginária que dividia o Brasil entre as Coroas portuguesa e espanhola, como aprendemos nas aulas de história.
Daí, para ocupar o território, o Império Português mandou para cá algumas dezenas de famílias açorianas. Essas famílias que, de fato, deram início a colonização dessas terras.
Na cidade, também está o Farol de Santa Marta. Ele pode ser visto a uma distância de, aproximadamente, 85 quilômetros. São 29 metros de altura, e foi construído em 1891.
Suas paredes têm dois metros de largura, feitas com óleo de baleia, no tempo em que a caça desses animais era essencial para a economia da região.
Laguna: a cidade de Anita
Outra história muito famosa na cidade é a de Anita Garibaldi. Embora, provavelmente, você já tenha ouvido sobre sua fama, talvez ainda não saiba que essa moça nasceu e viveu em Laguna. Anita – que se chamava Ana Maria de Jesus Ribeiro – era de uma família pobre.
Para você ter uma ideia, ela nunca tinha calçado um sapato até, curiosamente, se casar com um sapateiro. O casamento foi por interesse de sua mãe, que precisava de ajuda para sustentar os dez filhos.
Como o casamento andava mal, Anita conheceu o revolucionário Giuseppe Garibaldi, com quem se casou mais tarde. Com isso, embarcou na luta pela proclamação da República e pela independência dos estados do Sul.
A história é longa, superinteressante e fica ainda mais fantástica quando você conhece os lugares onde tudo isso aconteceu.
Eu tive a sorte de estar acompanhado da guia Tatiana Haubrich, que se vestiu como Anita.
Casa de Anita
Na primeira rua de Laguna, ainda hoje, está a humilde Casa de Anita. Foi nela que Anita Garibaldi morou com seu primeiro marido, Manuel Duarte de Aguiar.
A construção segue o padrão açoriano, muito comum na época. Apenas uma porta e uma janela voltadas para a rua, sem muitos detalhes ou desenhos.
Se a casa é humilde, o terreno é grande e alcança a outra rua. Era na parte de trás, que funcionava a sapataria de Manuel. Hoje, o imóvel é considerado patrimônio histórico, mas permanece fechado, não sendo possível a visitação.
Museu Casa de Anita
Ao lado de Igreja Matriz, fica outra casa de Anita. Embora ela não tenha morado aqui, mas usado o espaço para se preparar para o primeiro casamento, na casa, funciona um pequeno museu em seu nome.
Fotos, documentos, móveis e objetos da época em que Anita viveu em Laguna ocupam cômodos espaçosos, mas o que eu achei mais curioso foi a urna que guarda um pouco de terra da sepultura de Anita Garibaldi, enterrada no cemitério de Ravena, na Itália.
Além disso tudo, a casa ainda tem outro atrativo: a arquitetura. Pintada em um amarelo forte e com janelas azuis, a moradia foi construída em 1711 e é a casa mais antiga do sul do país.
Na casa, observe o telhado com telhas artesanais, feitas nas coxas dos escravos, e a eira, detalhe que mostrava quanto de imposto o morador pagava para a Coroa.
Geralmente, a eira e a beira são encontradas na fachada das igrejas. Quem era pobre, ou seja, sem posses, não usava nenhuma das duas. Foi assim que surgiu a expressão ‘nem eira, nem beira’
A entrada na Casa de Anita custa R$ 5 e a visita pode ser feita das 9 às 17, de terça a domingo.
Museu Anita Garibaldi
Existe, ainda, outro museu que conta um pouco da história da cidade. Infelizmente, eu não consegui visitá-lo. Nele, funcionavam a Câmara e a Cadeia municipal, e, hoje, abriga um acervo bem eclético, que relata a história de outras importantes personalidades de Laguna, como Anita.
A entrada no museu custa R$ 5 e a visita pode ser feita das 9 às 17, de terça a domingo.
Fonte da Carioca
Foi aqui que Anita e Giuseppe se conheceram e se apaixonaram. Construída por escravos em 1768, até hoje, essa fonte de água mineral e gratuita abastece os moradores da cidade.
Dizem que, quem bebe dessa água, se apaixona por Laguna.
Como visitar Laguna
Quando ir
Laguna é agradável durante todo o ano. No verão, a cidade é muito procurada por turistas e fica lotada. Nesse período, as temperaturas podem superar os 30 graus, mas o calor pode ser amenizado com um mergulho nas praias da cidade.
Laguna faz parte da Rota da Baleia Franca e, no outono e no inverno, quando dezenas delas chegam por aqui, tudo fica mais tranquilo. Nessas estações, os dias ficam mais nublados e a temperatura cai, podendo chegar a cinco graus nas noites mais frias. Eu estive na cidade em setembro.
Como chegar
Laguna fica a 120 quilômetros de Florianópolis, e chegar aqui de carro é fácil. A viagem é feita pela BR 101, que está duplicada, bem sinalizada e em bom estado de conservação. De ônibus, você pode escolher entre as empresas Eucatur e Santo Anjo. O aeroporto mais próximo fica na cidade de Jaguaruna, e recebe voos da Azul e da Latam.
Onde comer
Eu recomendo – muito mesmo – que você vá almoçar no Geraldo Restaurante. Além de ter uma vista sensacional para a entrada da Lagoa do Imaruí, o sabor dos pratos servidos jamais sairá de sua memória. Só para você ter uma ideia, eu experimentei casquinha de siri, linguado com alcaparras e – o meu preferido – camarão com catupiri.
Veja mais dicas de Santa Catarina
Ficou mais fácil planejar sua viagem? Se tiver alguma dúvida, deixe sua pergunta nos comentários que eu respondo.
Se preferir, pode falar comigo no Instagram: @altiermoulin. Agora, aproveite para ver mais dicas de Santa Catarina.
Respostas de 2
Obrigado, Thiago.
Eu realmente gostei de Laguna e quero voltar com mais tempo. 🙂
Um abraço.
Cidade maravilhosa! Laguna realmente é um colírio aos olhos e amor ao coração. Parabéns pela matéria.