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Pedra do Ingá: o mistério das imagens rupestres da Paraíba

Atualizado em 10 de janeiro de 2024 – POR ALTIER MOULIN

Aposto que você nunca tinha ouvido falar da  Pedra do Ingá , estou certo? Então, eu já vou explicar essa história direitinho.

Pedra do Ingá

O pequeno distrito de Pedra Lavrada, no agreste paraibano, guarda um enigma que nem pesquisadores e nem o mais curioso dos homens foi capaz de solucionar.

Conhecida popularmente como Pedra do Ingá, a dona de tal mistério tem dezenas de imagens rupestres esculpidas ao longo de seus 24 metros de comprimento.

São figuras que aparentemente não fazem muito sentido, mas estudos comparativos revelaram que algumas inscrições encontradas aqui são semelhantes aos desenhos feitos pelos povos da Ilha de Páscoa,  no Chile.

Com tanta importância assim, Ingá – cidade onde está o distrito de Pedra Lavrada – entrou no meu roteiro quando vi uma reportagem sobre a Itaquatiara. Naquela ocasião, me prometi que quando visitasse à Paraíba, iria ver de perto essa maravilha.

Origem do nome Itaquatiara

O termo itacoatiara vem da língua tupi: itá (pedra) e kûatiara (riscada ou pintada). De acordo com a tradição, quando os índios potiguares foram indagados pelos colonizadores europeus sobre o que significavam os sinais inscritos na rocha, eles usaram esse termo para se referir à pedra.

Há diversas teorias que tentam explicar os misteriosos desenhos da Pedra. Há quem defenda que eles serviam para ilustrar os ensinamentos passados pelos anciãos às gerações mais novas. Especula-se também que as figuras tenham sido feitas com seixos, pedras arredondadas encontradas perto de riachos.

Essa teoria ganhou mais força depois que um pesquisador conseguiu fazer um desenho muito semelhante aos originais usando uma pequena pedra encontrada na área.

Além dessas suposições, há quem defenda que os desenhos foram feitos por extraterrestres e até pelos incas que, segundo os defensores desta teoria, dominavam a técnica de amolecer pedras.

Independentemente do que representavam, de quem os fez e como foram feitos, as figuras guardam informações importantes sobre o cotidiano do homem pré-histórico que aqui viveu, e estar de frente a esta preciosidade é um privilégio.

A Pedra do Ingá foi o primeiro sítio arqueológico brasileiro a ser protegido, mas a estrutura turística que o envolve ainda é precária.

Há apenas o prédio do Museu de História Natural, que tem objetos sobre as pesquisas desenvolvidas no entorno, fósseis e a réplica de uma múmia; e uma pequena lanchonete que funciona apenas no turno da manhã.

As inscrições estão concentradas na parede da rocha, mas também aparecem no chão e sobre ela. Expostas ao sol, ao vento e à chuva as inscrições sofrem ainda mais quando o rio Bacamarte enche e encobre a Pedra.

Mas isso não é motivo de preocupação, já que os desenhos persistem aqui há séculos. O problema é que moradores e visitantes usam o lugar como balneário e, como não há vigilantes e nem uma delimitação coerente da área a ser protegida, é fácil pisar sobre os desenhos.

Como visitar à Pedra do Ingá

Como chegar

A Pedra do Ingá fica a 87 quilômetros da capital paraibana. Para chegar aqui você pode pegar um ônibus na rodoviária de João Pessoa. A Real Bus cobra R$ 18 e o ônibus para na BR-230, a poucos metros da entrada da cidade. Na rodovia há moto-táxis que fazem o resto da viagem até à Pedra do Ingá, por R$ 15. A viação Rio Tinto faz o trecho de João Pessoa até o Centro de Ingá.

De carro, partindo e João Pessoa, a viagem é feita pela BR-230 até o quilômetro 118. Daqui você deve seguir pela PB-095 por mais cinco quilômetros até Ingá. O distrito de Pedra Lavrada fica a seis quilômetros do Centro da cidade. Todo o trajeto é feito em estradas asfaltadas e bem sinalizadas.

Quando ir

A Pedra do Ingá pode ser visitada o ano inteiro, de segunda a sexta, das 9h às 12h e das 13h às 16h. Aos sábados, domingos e feriados as visitas acontecem das 9h às 13h. Nessa região o clima é sempre úmido e quente, e as temperaturas variam entre 22 e 35 graus.

Quanto custa

A entrada no sítio arqueológico e no museu custa R$ 5.

Onde ficar

Como não há muitos atrativos em Ingá, você pode fazer um bate-volta saindo de João Pessoa ou ficar em Campina Grande, que está a apenas 35 quilômetros. Em João Pessoa eu me hospedei no Hotel Ibis.

→ Onde ficar em João Pessoa

Ele fica no final da Praia de Cabo Branco, numa região tranquila e bem perto da Ponta do Seixas, o emblemático ponto mais oriental do continente americano. Aqui há boas opções de restaurantes e a praia é super agradável.

Como não há muito o que fazer além de ver a Pedra do Ingá, a minha visita é rápida, cerca de 30 minutos. Intrigado com o que acabo de ver, sentei na margem do rio para me refrescar do calor paraibano. Com os pés na água, me distraí com peixinhos que beliscavam meus dedos e me faziam relaxar.

Veja mais dicas da Paraíba

Ficou mais fácil planejar sua viagem? Se tiver alguma dúvida, deixe sua pergunta nos comentários que eu respondo.

Se preferir, pode falar comigo no Instagram: @altiermoulin. Agora, aproveite para ver outras dicas da Paraíba.

SOBRE O AUTOR

COMENTÁRIOS

12 respostas

  1. Sou motorista particular em João Pessoa quem por via se interessar em visitar a pedra do ingá só entrar em contato comigo (83)999324383 que a gente marca uma viagem com reserva para quatro pessoas, preço a combinar …

  2. Oi, Sônia.
    Não conheço agências que já tenham a Pedra do Ingá no roteiro.
    O que você pode fazer é contratar um serviço particular.
    Você pode fazer isso entrando em contato com uma agência e explicando qual a sua necessidade.
    Uma opção de agência é a https://www.luckreceptivo.com.br/
    Um abraço.

  3. Boa noite.
    Tem alguma empresa de turismo que leve à pedra, ou só da forma como você postou? Tem como me informar? Obrigada!

  4. Incrível, Prof. Michelotto.
    Ainda há muito o que pesquisar sobre a Pedra do Ingá.
    É impossível sair de lá sem um questionamento profundo sobre tudo o que vemos.
    Vale a pena.
    Um abraço.

  5. Oi
    Pretendo voltar lá esse ano.
    Ha muita lenda sobre a pedra. Quase nenhum estudo sério.
    Nos anos 80 um professor antropólogo da Ufpe a visitou e começou a desenvolver uma teoria de que a Itacoatiara na verdade é um mapa estelar. Indica o início da temporada de chuvas . Pelo cálculo feito por astrônomos consultados , aquele equinócio da primavera , marcado como iniciando pouco antes de Orion ( a famosa figura enorme do início) . Ora o equinócio hoje vai em setembro. O que perfazem 6 mutações de posição celestial em relação à indicada na pedra- o que auxilia a datá-la . Essas mudanças chamadas “precessão dos astros. A Terra
    a cada 25.770 anos complete a cada 25.770 anos, ela completa uma volta em torno do eixo de sua eclíptica. Ora, multiplique- se esse valor pela diferença de 6 meses entre essa indicação da Pedra e o atual equinócio da primavera. O que dá uns 150.000 anos atrás.. Essas informações foram obtidas em conversas com o prof.Mourão, astrônomo famoso na época que tb tinha observado itacoatiaras que pensara ser do Rio Paraíba, no Sul.Um êrro simples pois a informação sobre a pedra apenas dizia” na Paraíba “. É isso o confundiu pensando que era o rio do Estado do Rio, quando era um estado do nordeste. Até sábios se enganam, não?
    Não é um monumento tão antigo mas muito importante.
    É isso foi a pesquisa de professor que demonstrou.
    Se fizer um levantamento de todas itacoatiaras existentes, vc terá um susto aí ver que elas seguem uma linha através dos rios da Amazônia indo terminar em S Gabriel da Cachoeira , onde há uma com desenhos bem parecido.
    Tendo trabalhado com o Prof. Urbano, da Université Laval, no Québec- antropólogo especialista na cultura Inca, conseguiram em encontrar várias indicações de que:
    1- a pedra seria um marcador de rotas
    2- os redondos a seu redor se chamam Orejones – os incas percorriam as cidades sendo espancados para se tornarem homens adultos. O caminho era marcado assim e no final eles furavam as orelhas. São pedras redondas furadas
    3- várias palavras quíchuas se encontram entre nossos indígenas. Sapeca, por exemplo Etc
    4- os incas tem um mito sobre os Antigos Incas- que deixaram Machu Pichu em busca do Deus Sol. Isso é caminharam em direção a Este.
    O Deus Sol novo passou a se chamar Inti. O Antigo desapareceu com eles.
    A Itacoatiara do Ingá tem sua posição pertfeitamente alinhada com o Sol . O Nsscente fica atrás dela . As pontas mostrando Norte e Sul. É só lá ir ver!!!
    Enfim
    Esses estudos morreram naqueles anos e ficaram com os que começaram a pesquisar mas pararam. Na verdade o orofessorestava fazendo o doutorado lá em Laval e seu yes era outro. Prof. urbano e ele desenvolveram pesquisas à parte de suas tarefas ordinárias. Um pouco como hobby e paixão pelo tema.
    Esse ano , esse professor vai voltar lá.
    Claro que sou eu.
    Prof. Michelotto

  6. Parabéns pela matéria! É muito importante promover esse patrimônio! Só uma correção: visitei dia 11/outubro, semana passada e paguei 5 reais por pessoa para visitar a sala (museu). Em 1999 visitei pela primeira vez e a pedra estava limpinha, branca, dava para ver bem melhor as escrituras. Explicaram que especialistas da Universidade de Lyon, na França, haviam limpado e só eles podem faze-lo novamente.

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